Tempo em Setúbal

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os Filhos da Meia Noite - Salman Rushdie

"Os filhos da meia-noite", de Salman Rushdie, eleito o melhor romance premiado com o Booker Award

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O romance "Os filhos da meia-noite", de Salman Rushdie, foi escolhido, pela segunda vez em 15 anos, como o melhor dos livros vencedores do Booker Award, um dos mais prestigiosos prémios literários do Reino Unido. 

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Anunciada hoje durante o Festival de Literatura de Londres, a distinção atribuída ao livro de Rushdie marca o quadragésimo aniversário do Booker.
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Já no vigésimo quinto aniversário do prémio, "Os filhos da meia-noite" tinha sido apontado, por votação online, como o "Booker of Bookers", ou seja, o melhor dos livros até hoje distinguidos com este prémio.
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Os votantes escolheram o livro de Rushdie de uma lista de seis previamente preparada por Victoria Glendinning, escritora e crítica, Mariella Frostrup, escritora, e John Mullan, professor de inglês na University College London: além de "Os filhos da meia-noite", "The Ghost Road", de Pat Barker (1995), "Oscar e Lucinda", de Peter Carey (1988), "Desgraça", de JM Coetzee (1999), "O conservador", de Nadine Gordimer (1974), "The Siege of Krishnapur", de JG Farrell (1973).
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Em Chicago para o lançamento do seu mais recente romance, "The enchantress of Florence", Rushdie agradeceu por vídeo-mensagem a escolha dos leitores e assegurou ter vivido, ao saber dela, "um maravilhoso momento".
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"Os filhos da meia-noite", publicado em 1981 e ainda hoje considerado o mais conseguido romance de Rushdie, centra-se na Índia pós-colonial e é narrado por um homem nascido às 00.00 horas do dia em que o país se tornou independente.
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RMM.
.http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=166456&visual=3&layout=10
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OS FILHOS DA MEIA-NOITE
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A história da Índia no século XX narrada em chave de realismo fantástico. Assim pode ser descrito o romance Os filhos da meia-noite, de 1980, que rendeu a Salman Rushdie o Booker Prize de 1981 e o Booker of Bookers Prize, em 1993, conferido ao melhor livro publicado durante os primeiros 25 anos do mais importante prêmio literário britânico.
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O muçulmano de família abastada Salim Sinai, que narra em primeira pessoa a sua história, nasceu em Bombaim à meia-noite de 15 de agosto de 1947, no instante em que a Índia se tornava uma nação independente. A trajetória de Salim estará ligada à complexa e conturbada saga de seu país. Para complicar, ele descobre que foi trocado na maternidade por outro recém-nascido. Na verdade, deveria ser um hindu de família pobre.
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Todos os mil e um indianos nascidos entre a meia-noite de 15 de agosto e a uma hora da madrugada de 16 de agosto de 1947 desenvolveram poderes extraordinários; o de Salim é a telepatia, que lhe permite reconstituir a história de sua família desde 1910 e examinar os acontecimentos políticos e culturais da Índia.
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Primeiro livro a projetar Rushdie como um dos grandes escritores de nossa época, é considerado por boa parte da crítica o melhor livro já escrito pelo autor.
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http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=11783
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Midnight’s Children wins Best of the Booker

Best of the Booker trophy

Readers across the world agree that Salman Rushdie’s Midnight’s Children is the Best of the Booker.

10 July 2008


Salman Rushdie was today (10 July) named winner of the Best of the Booker award for Midnight's Children.

Midnight's Children won the Booker Prize in 1981. It was then chosen as the Booker of Bookers in 1993 - the only other time a celebratory prize has been awarded.
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The Best of the Booker shortlist was selected by a panel of judges - the biographer, novelist and critic Victoria Glendinning (Chair), writer and broadcaster Mariella Frostrup, and John Mullan, Professor of English at University College, London. The decision then went to a public poll.
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When voting closed at midday on 8 July over 7800 people had voted (online and SMS) for the six shortlisted titles, with 36% voting for Midnight's Children. Votes flooded in from across the world with 37% of online votes coming from the UK, followed by 27% from North America.
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Victoria Glendinning comments, 'The readers have spoken - in their thousands. And we do believe that they have made the right choice.'
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Salman Rushdie, on tour in America with his latest novel The Enchantress of Florence, was unable to attend the event and instead sent his thanks via a pre-recorded message. His sons, Zafar and Milan, were in attendance at the award ceremony at the Southbank Centre to receive the custom-made trophy.
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Salman Rushdie comments, 'Marvellous news! I'm absolutely delighted and would like to thank all those readers around the world who voted for Midnight's Children.'
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View the Best of the Booker shortlist.
Watch video from the Best of the Booker event.
Read the full press release in our media centre.
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http://www.themanbookerprize.com/news/stories/1099
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O Nacionalismo Literário em Os Filhos da Meia Noite de Salman Rushdie
Josephyne Picanço de Carvalho
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O artigo a seguir trata-se de um capítulo da monografia da colaboradora Josephyne Picanço de Carvalho, O Nacionalismo Literário em Os Filhos da Meia Noite de Salman Rushdie, que apresenta os aspectos nacionalistas presentes na obra em questão, lidando com temass como influência intercultural entre países colonizados e colonizadores. A pesquisa está disponível para ser lida na íntegra no site do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná 
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(para download, basta clicar aqui).
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OS FILHOS DA MEIA NOITE (SALMAN RUSHDIE)
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Os Filhos da Meia Noite em questão conta a história do personagem-narrador Saleem Sinai, que, nascido no exato momento em que a Índia tornara-se independente, tem seu destino diretamente ligado à história de seu país. Saleem começa sua narrativa contando um pouco sobre a vida de seu avô, Aadam Aziz, que, dono de um nariz expressivamente grande, acaba por ferir seu órgão olfativo ao levar a testa ao chão para rezar; a partir de então, o rapaz decide não voltar a adorar deus algum. Aadam acaba de retornar de uma temporada de estudos na Alemanha e passa a ser discriminado por seus antigos amigos como se fosse ele próprio um estrangeiro.
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O recém-formado médico é chamado para atender a filha de um dos mais importantes homens da Caxemira, mas encontra certa dificuldade, pois a jovem só pode ser examinada através de um buraco de sete polegadas feito em um lençol, devido ao cuidado excessivo do pai, que não admite que o corpo da filha seja visto pelo médico. Apesar desse impecílio, o casal se apaixona, mesmo que aos pedaços, vindo a casar-se logo mais.
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Os recém-casados Aadam e Naseem se mudam para a Índia, onde começam a formar sua família. É importante ressaltar que o futuro avô do narrador Saleem demonstra ter um sentimento de vazio desde que abandonou a religião, o que o próprio personagem descreve como “um buraco de sete polegadas” dentro de si. Esse vazio e essa descrença são, futuramente, transmitidos aos filhos e netos do casal. Além das particularidades do avô, Saleem descreve a personalidade da avó, Naseem, como dominadora e impositiva, características estas que viriam a fazê-la merecer a alcunha de Reverenda Mãe.
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Passado algum tempo, Saleem nos conta a história do primeiro casamento de sua mãe, com um poeta incapaz de fazer rimas que se esconde no porão da casa dos Aziz, depois de presenciar o assassinato de Mian Abdullah (líder da Aliança Islâmica Livre). Mumtaz, a única dentre os filhos do casal que nasce com a pele escura, é abandonada pelo marido, Nadir Khan, após dois anos de casamento. Meses depois ela se casa novamente com aquele que deveria desposar sua irmã mais velha, Alia. Ahmed Sinai rebatiza sua então esposa para que, com o novo nome, ela também tenha uma vida nova; chama-a Amina Sinai. O casal Sinai muda-se para Bombaim após um incêndio criminoso que destrói os negócios de Ahmed em Agra.
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Amina está grávida de seu primeiro filho, Saleem. A casa onde o casal passa a viver era propriedade de um inglês chamado William Methwold, que vende suas mansões com a condição de que seus objetos sejam mantidos no lugar; as propriedades receberam os nomes de famosos palácios europeus: Vila Versalhes, Vila Escorial, Vila Buckingham e Sans Souci. Os novos moradores da colina de Methwold reclamam da exigência do velho lorde, mas acabam aceitando a condição, afinal “o preço estava ótimo!” Passados alguns meses, os próprios moradores passam a incorporar alguns dos hábitos do antigo proprietário, como criar os peixes, tocar a velha pianola e não abrir mão da hora do cocktail (hábito este que acaba por fazer de Ahmed Sinai um alcoólatra).
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Chegado o momento da tão esperada independência da Índia, chega também a hora do nascimento do nosso narrador e protagonista. Exatamente à meia noite do dia 15 de agosto de 1947, vem ao mundo Saleem Sinai, junto com seu alter-ego, Shiva. Aconteceu que, devido à loucura de uma funcionária da maternidade, Mary Pereira, duas crianças foram trocadas; o filho do casal rico seria criado pela família pobre, e vice-versa. A Saleem foi atribuído o título de Filho da Meia Noite pelo primeiro ministro, Jawaharlal Nehru, e o bebê teve sua fotografia publicada no jornal, enquanto que Shiva, o verdadeiro filho do casal Sinai, foi criado por um músico de rua, que mais tarde se tornaria mendigo, sem ao menos desconfiar da verdade sobre suas origens.
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Saleem cresceu e descreveu suas aventuras desde a escola até sua adolescência, a infância ao lado da irmã, apelidada de Macaca de Cobre, e dos vizinhos da propriedade de Methwold. Devido a um acidente dentro da arca de roupa suja de sua mãe, Saleem desenvolveu seu poder telepático, Dom que recebera da hora de seu nascimento, e então passa a ter conhecimento das outras crianças que nasceram na mesma hora mágica, e que, portanto, também tinham poderes especiais.
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Mas, como Saleem haveria de nos explicar, o Dom da meia noite não era igual para todos; quanto mais próximo da hora exata a criança tivesse nascido, mais fortes seriam seus poderes. A Saleem foi concedido o poder de olhar dentro do coração das pessoas, e a Shiva, o Dom da guerra. É formada então a Aliança dos Filhos da Meia Noite, que reúne as crianças mágicas dentro da cabeça de Saleem, graças à sua telepatia. Também por causa dessa telepatia é que o jovem protagonista consegue interferir na vida daqueles que o rodeiam, e mais, acaba por deixar sua marca na política do país, pois, de acordo com sua narrativa, o garoto viajava através do pensamento dos mais importantes homens do governo, influenciando suas decisões.
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Como o próprio personagem nos permite descobrir, cada fato acontecido em sua vida reflete de alguma maneira na história política da Índia, seja de forma positiva ou negativa. Saleem se considera uma criança especial, por ter seu Dom especial, e acredita que sua Aliança com as outras crianças mágicas pode mudar o destino da nação de maneira significativa. O que o garoto desconhece é que seus poderes acabam influenciando sua vida e a daqueles que o cercam muito mais do que ele próprio imaginava. Saleem torna-se responsável pela morte de um dos seus vizinhos, ao denunciar o romance deste com a esposa do comandante Sabarmati, também morador da colina.
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Pouco tempo depois Saleem se vê atraiçoado por sua família, que, sem saber dos poderes do rapaz, leva-o ao hospital para tratar uma crise de sinusite. O tratamento é rápido mas deixa seqüelas irreversíveis ao jovem; devido à drenagem feita em seu nariz, Saleem perde seus poderes telepáticos. No lugar da telepatia, que acabara de se perder para sempre, o garoto descobre o poder de cheirar. Pela primeira vez na vida, Saleem sente os odores, mas de forma muito mais poderosa que as pessoas normais, podendo reconhecer inclusive o cheiro dos sentimentos, como raiva, inveja, ciúme.
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Ao ser revelado o segredo da ayah Mary Pereira, aquela que havia trocado os bebês na maternidade, Saleem descobre-se apaixonado pela irmã, a então cantora Jamila. Neste ponto da narrativa, a família Sinai já se mudara para o Paquistão, em busca de uma vida nova, deixando para trás os problemas e as decepções. Além de acreditar que podia interferir na história da Índia, Saleem vê seu destino também vinculado, de alguma forma, à história política de seu novo país, e acredita que os governantes, tanto de uma nação quanto de outra, desejavam eliminar sua família. O personagem chega a essa conclusão quando o Paquistão é atacado por uma chuva de bombas, e três delas atingem seus familiares: a primeira atinge a casa recém-construída de seus pais, a segunda extermina sua avó, Naseem, e sua tia Pia, e a última mata seus outros parentes, os parentes ricos e importantes, a tia Emerald e seu marido, o general Zulfikar, seu primo Zafar com a esposa Kif, e sua tia Alia.
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Por alguns anos Saleem perde a memória e é enviado ao exército paquistanês para lutar na guerra contra a Índia. Com seu nariz extremamente grande e poderoso, olfativamente falando, Saleem ocupa na tropa o lugar de cão farejador, e por não ter lembrança alguma de sua história, não demonstrar sentimentos aos companheiros, e por ser o mais velho do grupo, ele é chamado de buda. O buda se embrenha na floresta dos Sundarbans para fugir da guerra, e leva três companheiros com ele sem, entretanto, deixá-los saber que estavam a fugir. Os três adolescentes que seguiam o buda são mortos em combate quando o pequeno grupo consegue sair da selva, oito meses depois de lá terem entrado.
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Sendo o buda o único sobrevivente, e ainda incapaz de lembrar seu nome, ele se vê novamente na Índia. É durante um desfile de atrações que uma antiga amiga da Aliança o reconhece e o chama pelo nome há tanto esquecido, Saleem. Nosso personagem passa a viver em Nova Deli, no gueto dos mágicos, junto com a feiticeira Parvati e Singh da Fotografia, depois de passar quatrocentos e vinte dias de luto (quarenta dias para cada pessoa da família que havia morrido) na casa de seu tio Mustapha. Após algum tempo Parvati apaixona-se por Saleem, que é incapaz de amá-la devido à lembrança da irmã, a cantora Jamila.
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O rapaz diz não poder ter filhos como desculpa para fugir do casamento, mas não contava que Parvati usaria sua magia para atrair até ela o comandante Shiva, alter-ego e inimigo pessoal de Saleem (que agora tornara-se militar), ficando grávida pouco tempo depois. Vendo a desgraça estampada no rosto da amiga, Saleem aceita casar-se com ela e assumir o filho de seu rival como se fosse seu. Após um trabalho de parto de treze dias, ao exato momento em que se instaurava na Índia o estado de Emergência, nasce o filho de Saleem, Aadam Sinai, que assim como o pai, tem seu destino ligado ao de seu país.
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Durante o estado de Emergência, a primeira-ministra, Indira Gandhi, aprisionou vários de seus inimigos políticos, incluindo os integrantes da Aliança dos Filhos da Meia Noite. A Viúva, como é chamada por Saleem, consegue aprisionar todos os ex-companheiros do rapaz com a ajuda de Shiva, que acabava por se tornar um importante aliado do Partido. Os prisioneiros foram torturados e, ao final do processo, esterilizados, para que não pudessem se reproduzir. O que nenhum deles esperava é que o efeito da cirurgia acabou por ter o mesmo efeito que teve o tratamento para sinusite de Saleem, fez desaparecer por completo seus poderes mágicos.
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Durante as torturas no cativeiro, antes de ser libertado, Saleem foi informado que Parvati havia morrido. Decidiu então sair em busca de Singh da Fotografia e de seu filho, Aadam. Depois de encontrá-los a salvo, o rapaz reencontra sua antiga ayah, Mary Pereira, conhecida então como Mrs. Bragança, dona de uma grande fábrica de conservas. Mary ajuda seu protegido a criar o filho, e cede a ele um escritório dentro da fábrica, para que possa escrever sua história. A morte persegue Saleem de perto, com a mesma doença que matou seu avô, Aadam Aziz, uma espécie de lepra nos ossos, e o personagem se vê obrigado a escrever para que o filho não corra o risco de crescer sem saber quem foi seu pai e o que lhe aconteceu.
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Quem ouve atentamente a narrativa de Saleem é Padma, uma funcionária da fábrica, semi-analfabeta, que se apaixona pelo personagem-narrador e sonha com um possível casamento. Padma sofre e se emociona com as desventuras da família Sinai/Aziz, e termina como a platéia de Saleem, antes que seu filho possa sê-lo. O romance é encerrado por Rushdie com uma palavra que resume perfeitamente toda a magia que circunda a narrativa: ABRACADABRA. Palavra esta que é dita pelo pequeno Aadam, que até então não sabia (ou recusava-se a) falar. Ao contrário do que Saleem imaginava, esta palavra não desencadeou o fim dos tempos, mas sim o começo de uma nova história, a história de seu filho, que pode ou não ser tão mágica quanto a sua.
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Sobre a autora: Josephyne Picanço de Carvalho é bacharel em Estudos Literários (UFPR) e professora de Língua Inglesa.
Os Filhos da Meia Noite
Autor: Salman Rushdie
Tradutor:Donaldson M. Garschagen
Páginas: 608
Preço Sugerido: R$74,50
Saiba mais sobre essa e outras obras no site da Companhia das Letras

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Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
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* Victor Nogueira .
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Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
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Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
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P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
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1991.08.11 - SETUBAL