Poema
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Tudo na vida está em esquecer o dia que passa.
Não importa que hoje seja qualquer coisa triste,
um cedro, areias, raízes,
ou asa de anjo
caída num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nas estranhas águas que ele há-de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos
[portos.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje
[o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.
Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"
Data: 2008/10/20 03:03
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Poema | |
Ó Noite, Coalhada nas Formas de um Corpo de Mulher . | Ó noite, coalhada nas formas de um corpo de mulher vago e belo e voluptuoso, num bailado erótico, com o cenário dos astros, mudos [e quedos. Estrelas que as suas mãos afagam e a boca repele, deixai que os caminhos da noite, cegos e rectos como o destino, suspensos como uma nuvem, sejam os caminhos dos poetas que lhes decoraram o nome. Ó noite, coalhada nas formas de um corpo de mulher! Esconde a vida no seio de uma estrela e fá-la pairar, assim mágica e irreal, para que a olhemos como uma lua sonâmbula. Fernando Namora, in "Mar de Sargaços" Data: 2008/10/20 03:10 |
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