Tempo em Setúbal

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Noite - José Saramago

A Noite
"Este jornal é uma força, meu caro Valadares, uma força."
in A Noite, 2ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1987
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Considerada pela Associação de Críticos Portugueses a melhor peça de teatro portuguesa representada em 1979 (ex-aqueo). É uma das mais conseguidas peças sobre o 25 de Abril. Faz o público experiênciar o impacto imediato da revolução democrática nos conflitos internos à redacção e à oficina gráfica de um jornal.

O que pensa Maria Alzira Seixo...
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"A Noite é, ousamos dizê-lo, uma peça de circunstância essencial, passa o paradoxo. Pensar de modo dramático o 25 de Abril (ou melhor, a sua recepção; e mais adequadamente: a sua notícia) corresponde a um fantasma positivo cultivado por todos nós (digamos assim, de maneira optimista). Com efeito, esta peça dá-nos conta dos acontecimentos que preenchem a redacção de um jornal de 24 para 25, com as suas rotinas, o seu desinteresse, as suas pequenas revoltas, os seus conflitos, os seus afectos, as suas bajulações, as suas conveniências- até à noticia do estalar da revolução e ao modo como o jornal, enquanto conjunto de pessoas que o fazem e enquanto veículo informativo, a concretiza. É, pois, uma peça de celebração, um hino a um tempo presente que arruma o passado, um escrito de construção gradual da euforia. Toma-se o grupo como meio fundamental da situação dramática, nele se distinguindo o corpo da tipografia e da direcção e administração como, respectivamente, força positiva e negativa, debatendo-se o conflito no corpo intelectual por excelência, o da redacção."
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SEIXO, Maria Alzira - O Essencial sobre José Saramago-, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, 1987, pág. 34

A noite
José Saramago
Edition 2001
A Noite relatada nesta primeira peça de teatro de Saramago é a noite de 24 para 25 de Abril de 1974. Com a sua (re)conhecida ironia, o autor faz-nos reviver este momento que marcou para sempre a História de Portugal....


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Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
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* Victor Nogueira .
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Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
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Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
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P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
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1991.08.11 - SETUBAL