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domingo, 16 de janeiro de 2011

VOZES ANOITECIDAS Mia Couto

Temas e Figuras

Este blog é dedicado a postagens cujo conteúdo esteja relacionado à Linguística, Semiótica, Literatura e ciências afins.


quinta-feira, 21 de maio de 2009

VOZES ANOITECIDAS Mia Couto



Os trechos abaixo resumem a essência deste premiado livro de contos, de Mia Couto.


"O que mais dói na miséria é a ignorância que ela tem de si mesma. Confrontados com a ausência de tudo, os homens abstêm-se do sonho, desarmando-se do desejo de serem outros. Existe no nada essa ilusão de plenitude que faz parar a vida e anoitecer as vozes".

"[...] Ele ficou deitado a respirar. A vida dele estava toda ali, repartida nas costelas que subiam e desciam. Neste deserto solitário, a morte um simples deslizar, um recolher de asas. Não um rasgão violento como nos lugares onde a vida brilha.
- Mulher - disse ele com voz desaparecida. - Não lhe posso deixar assim.
- Estás a pensar o quê?
- Não posso deixar aquela campa (cova) sem proveito. Tenho que matar-te.
- É verdade, marido. Você teve tanto trabalho para fazer aquele buraco. E uma pena ficar assim.
- Sim, hei-de matar você; hoje no, falta-me o corpo.
Ela ajudou-o a erguer-se e serviu-lhe uma chávena de chá.
- Bebe, homem. Bebe para ficar bom, amanhã precisas da força.
O velho adormeceu, a mulher sentou-se porta. Na sombra do seu descanso viu o sol vazar, lento rei das luzes. Pensou no dia e riu-se dos contrários: ela, cujo nascimento faltara nas datas, tinha já o seu fim marcado [...]".

"Eu somos tristes. Não me engano, digo bem. Ou talvez: nós sou triste? Porque dentro de mim, não sou sozinho. Sou muitos. E esses todos disputam minha única vida. Vamos tendo nossas mortes. Mas parto foi só um. Aí, o problema. Por isso, quando conto a minha história me misturo, mulato não das raças, mas de existências".



Diante das escolhas feitas pelas personagens desses contos, provocadas ora pela consciência da sua condição, ora pela ausência dela, o autor suscita no leitor sentimentos díspares como a resignação, o alívio, a admiração e até o aperto da poesia, decorrentes das lutas travadas, ali, entre a vida e o seu destino. Recomendo! 
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http://temasefiguras.blogspot.com/2009/05/os-trechos-abaixo-belissimo-por-sinal.html

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Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
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* Victor Nogueira .
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Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
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Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
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P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
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1991.08.11 - SETUBAL