Baptista-Bastos
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Revisitação de um tempo e de um lugar que não existem para lá da memória, "As Bicicletas em Setembro" é uma viagem à juventude. Mas o que nos fica para além da memória, se a memória, ela própria, mais não faz do que atraiçoar o passado, limpando-o do que não gostamos? Num bairro lisboeta inventa-se a felicidade em jogos de cartas numa obscura taberna, descobre-se a medo a iniciação sexual, vivem-se os pequenos dramas de um quotidiano triste, expõe-se a perversidade das relações humanas, sonha-se além das imagens que as nuvens vão construindo. Em jeito de homenagem, também, ao poeta Eduardo Guerra Carneiro, há ainda neste livro espaço para os sentimentos, para a partilha, para os afectos. E para a perda e para a solidão, porque ambas se confundem com a própria natureza humana. Metáfora de um tempo que já não existe ou dos sentimentos que vamos, a cada geração, renovando, "As Bicicletas em Setembro" é uma obra povoada de imagens e lirismo intensos que confirma, uma vez mais, a importância de Baptista-Bastos na Literatura Portuguesa Contemporânea. Para gáudio do leitor.
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08 Fevereiro 2009
DOIS POEMAS COM BICICLETAS
I
As bicicletas de Setembro rolam
no asfalto quente (...)
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Vamos assim em roda livre
e os peixes mordem o isco
nas águas mais profundas. Bicicletas
voltam ao parque fechado. Vem
também habitar este palácio de ócio
onde o ópio transpira das paredes.
Risco maior não é a velocidade
mas o estilo bom da pedalada.
EDUARDO GUERRA CARNEIRO
"Profissão de Fé"
Epígrafe do romance de Baptista-Bastos, "As Bicicletas em Setembro"
II
O CICLISTA
O homem que pedala, que ped' alma
com o passado a tiracolo,
ao ar vivaz abre as narinas:
tem o por vir na pedaleira.
ALEXANDRE O' NEILL
"Poemas com Endereço"
Publicada por Manuel Nunes às 18:14
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http://comolhosdeler.blogspot.com/2009/02/dois-poemas-com-bicicletas.html
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