Depois de 1900, Rilke eliminou de sua poesia o lirismo vago que em parte lhe haviam inspirado os simbolistas franceses, e, em seu lugar, adotou um estilo preciso e concreto, que podemos perceber em O livro das horas (1905), que consta de três partes: O livro da vida monástica, O livro da peregrinação e O livro da pobreza e da morte. Esta obra o consolidou como um grande poeta por sua variedade e riqueza de metáforas, e por suas reflexões um pouco místicas sobre as coisas.
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Críticas de imprensa
« “O Livro de Horas” nasceu do encontro do jovem Rilke com a espiritualidade, a cultura e a arte da Rússia ortodoxa, que ele visitou por duas vezes, em 1899 e em 1901, com Lou Andreas-Salomé. Nessa Rússia, Rilke encontrou não apenas uma religiosiadde capaz de iluminar os cenários inaugurados pela nova civilização industrial mas também a matéria que lhe permitiu elaborar um modelo de temporalidade que será fundamental para construir a sua teoria estética e poética.»
António Guerreiro, Expresso
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QUINTA-FEIRA, 12 DE FEVEREIRO DE 2009
O Livro de Horas - Rainer Maria Rilke.
Eu tenho muitos irmãos de batina
no sul, onde nos claustros o loureiro cresce.
Sei quanto humanos são a sonhar com Madonas
e muitas vezes penso em virgens de Ticiano
por entre as quais Deus passa feito um fogo.
E eis que sobre mim mesmo eu me debruço:
Deus em mim é sombrio e é como um tecido
de mil raízes que em silêncio bebem.
Se me ergo acima do aconchego delas
escorrem para o fundo e só com o vento acenam.
no sul, onde nos claustros o loureiro cresce.
Sei quanto humanos são a sonhar com Madonas
e muitas vezes penso em virgens de Ticiano
por entre as quais Deus passa feito um fogo.
E eis que sobre mim mesmo eu me debruço:
Deus em mim é sombrio e é como um tecido
de mil raízes que em silêncio bebem.
Se me ergo acima do aconchego delas
escorrem para o fundo e só com o vento acenam.
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