Noites Brancas (publicado pela primeira vez numa revista em 1848) esboça a figura de mais um herói proscrito da lista de Dostoiévski, desta feita o sonhador. Este sonhador de Noites Brancas não é só um romântico lamechas, mas uma “aberração” social, como o próprio autor (em Crónicas de Petersburgo, 1847) explica: não podendo o homem encontrar o seu lugar no mundo, “(...) nos caracteres ansiosos da actividade, mas fracos, femininos, ternos, nasce a pouco e pouco aquilo a que se chama ‘sonhadorismo’, e o homem deixa de ser homem, torna-se uma espécie esquisita... — o ‘sonhador’ (...). A realidade produz no coração do sonhador uma impressão grave, hostil, que então se apressa a meter no seu cantinho secreto e dourado, que na realidade é, não raro, poeirento, desmazelado, desarrumado e porco. A pouco e pouco, o nosso rebelde começa a alienar-se dos interesses comuns e, gradualmente, imperceptivelmente, começa a embotar-se nele o talento de viver na vida real.” É assim o herói de Noites Brancas, mergulhado na sua trágica solidão. A linguagem deste conto, fazendo jus ao eclectismo do autor neste particular, assume-se ironicamente e de raiz como melifluamente romântica.
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Noites Brancas refere-se às noites do início do Verão em que não escurece, fenómeno observado em ambos os hemisférios a partir dos 60 graus de latitude norte e sul (em Petersburgo vai de 11 de Junho a 2 de Julho). Estas noites de Petersburgo que imitam o dia são o símbolo que preside ao conto de Dostoiévski: o sonho imitando a vida, até se tornar nela, para sempre.
.Noites Brancas refere-se às noites do início do Verão em que não escurece, fenómeno observado em ambos os hemisférios a partir dos 60 graus de latitude norte e sul (em Petersburgo vai de 11 de Junho a 2 de Julho). Estas noites de Petersburgo que imitam o dia são o símbolo que preside ao conto de Dostoiévski: o sonho imitando a vida, até se tornar nela, para sempre.
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Noites Brancas - Fédor Dostoievski
Noites Brancas Fédor Dostoievski Tradução: Carlos Loures Créditos da digitalização: Site “O Dialético” www.odialetico.hpg.ig.com.br/ Versão para eBook ....
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Noites Brancas
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Noites Brancas é uma obra do escritor Fiódor Dostoiévski. O livro que mais aproxima Dostoiévski do romantismo, foi escrito em 1848, antes de sua prisão.
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Como personagem central se tem o Sonhador, que em uma das noites brancas da capital São Petersburgo apaixona-se por Nástienka. Nesta obra, diferentemente de outras, em que a preocupação social é a diretriz para o enredo, desta vez encontramos um Dostoiévski romântico, lúdico. O personagem principal, que ao contrário das versões teatrais e cinematográficas, não tem nome, vaga errante pela "noite branca" de São Petersburgo.
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"Noite branca" refere-se a um fenômeno comum na Europa em que, mesmo à noite, o sol não chega a se pôr completamente, causando uma atmosfera onírica. Um encontro casual muda completamente a vida do até então solitário protagonista: conhece a ingênua e também sonhadora Nástienka, que aos prantos, espera aquele a quem um ano antes tivera prometido o seu amor.
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Ao longo das quatro noites seguintes, o protagonista se apaixona pela moça e conhece a sua inusitada história: Nástienka vive atada com um alfinete à saia da avó cega e ao lado da criada surda. Quando um novo inquilino chega a sua casa, ela vê a possibilidade de escapar de sua solidão. O misterioso homem um dia deixa a casa, prometendo que voltaria depois de um ano, quando tivesse condições de casar-se com ela. Quando o protagonista encontra Nástienka na ponte sobre o rio Nieva, estamos exatamente no dia marcado para o reencontro. Mas nenhum dos três personagens pode prever o que o destino preparou para eles. Essa obra teve várias adaptações para o teatro. No Brasil, recentemente , Débora Falabella e Luís Artur, foram dirigidos por Yara de Novaes.
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Noites brancas representa o puro romantismo na época de Dostoiévski. o escritor já se encontrava envolvido por este movimento romântico, mas é com esta obra que captamos a essência deste movimento. A decadência espiritual do protagonista encontra-se espalhada por várias simbologias : o quarto decadente, a solidão e isolamento e o amor não correspondido. Só no final (a manhã) poderá dar a luz ao triste protagonista, sendo o seu final incerto...
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No cinema, a obra de Dostoiévski recebeu a adaptação do diretor italiano Luchino Visconti, com Marcello Mastroianni e Maria Schell; Le Notti Bianche (1957),que recebeu o Leão de Prata no Festival de Cinema de Veneza, tem trilha sonora assinada por Nino Rota, compositor preferido de Federico Fellini. A São Petersburgo do século 19 é transportada para uma Livorno construída no Teatro 5 de Cinecittá. O roteiro é assinado por Suso Cecchi d'Amico. A TV brasileira também assistiu a uma adaptação da obra de Dostoiévski; Noites Brancas foi exibida como um especial em 1973 na Rede Globo, com Francisco Cuoco e Dina Sfat nos papéis principais, sob a direção de Oduvaldo Viana Filho.
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Noites Brancas (Le Notti Bianche, Itália, 1957) Leão de Ouro, Cannes, 1957. Com Marcello Mastroianni, Maria Schell, Jean Marais. Direção por Luchino Visconti.
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Fragmento de escena del baile.
Película de 1957, dirigida por Luchino Visconti y basada en la novela homónima de Dostoievsky.
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Film del 1957 tratto da un racconto di Fedor Dostoevskij
domingo, agosto 30, 2009...7:56 pm
Noites Brancas (Le Notti Bianche – Luchino Visconti, 1957)
Seria o amor um sentimento explicável, com características simples e descritíveis, existente em sua plenitude somente em um mundo onde a realidade não predomina sobre a imaginação?
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O que dizer então de suas gradações – o amar demais, por exemplo – uma entrega total a subdivisão de um fluxo consciente utópico, onde o real não existe mais? (embora cá entre nós seja praticamente impossível imaginar algo em que ambas as esferas: realidade e fantasia sejam tão disjuntas a esse ponto).
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Em Noites Brancas, uma obra prima de Luccino Visconti indicada por meu amigo Foras, todos os estágios desse sentimento controverso são expostos, independente de seus potenciais destruidores ou compositores na determinação de nossa felicidade. Felicidade esta também instável, frágil, perturbada. Visconti não nos poupa nem um segundo durante os 107 minutos de projeção. O diálogo de sombras com o espectador, as alternâncias entre o preto e o branco, o cenário tristonho, as expressões impotentes dos personagens diante de algo tão grandioso…tudo fala através do filme, tudo compõe a reprodução dos fragmentos que remetem a tal sentimento quando analisados como um todo. É preciso cada gota da construção dos planos e dos artifícios cinematográficos para compor uma estória que ilustra algo tão difícil de se dizer em palavras.
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Os personagens são pessoas simples. Mário é tão simples que no início do filme, Visconti simplesmente se recusa a lhe conferir imponência sobre o cenário repleto de sombras e solidão. Ele é filmado à distância e tragado por ela, sem qualquer relevância em relação a um cão à procura de alimento ou a um grupo de pobres a perambular pelas ruas, ou mesmo uma pequena ponte erguida sobre um riozinho que se estende paralelamente ao asfalto.
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Tão simples quanto ele parece ser a adorável Natalia, cuja dilaceração psicológica avançada (porém ainda assim progressiva) perante a ação da emoção produzida pelo amor que sentia por um homem misterioso é tão evidente que ficamos imaginando os limites e prejuízos que podem advir de tal sentimento. A percepção de Mário não é de todo incorreta: insanidade parece ser uma possibilidade. Erra, porém, diante do poderoso “amor”, que mal sabe ele a princípio, já o possuía, cegava e corrompia todo seu ser.
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E quando totalmente à mercê de tal adversário, Mario decide lutar em um round injusto, suas pequenas vitórias representam momentos belíssimos. O que dizer da cena da dança no bar, coroada com uma beleza incomparável, mas impregnada com as mesmas contradições discutidas anteriormente: as diversas pessoas que se interpõem entre os dois contrastada com a felicidade estampada nos olhares, que não deixam de se cruzar como se o fluxo de energia fosse constante, a linda melodia contagiante contraposta com o incômodo da moça em não saber dançar e os movimentos desajeitados de Mario e Natalia, refletindo em cada segundo nos passos, o sentimento.
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Ou dos inúmeros planos em que cenas se entrecruzam em microambientes distintos, cuidadosamente mostrados por Visconti como porções que captam todos os elementos em conjunto? A conclusão, por mais que sombria, também é contraditória, de certo modo. E aqui, recomendo a quem não assistiu o filme a parar por aqui e ir correndo procurar esse magnífico exemplar de como a arte pode ser perfeita. Seria a personagem de Natalie cruel o suficiente para envolver Mario em um ciclo de autodestruição e frustração infinito ou portadora de um amor tão infinito que era capaz de resistir a todos os tipos de tentações e manter a força perante o amado, mesmo com a distância e a incerteza de sua volta?
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E o personagem de Mastroianni, não menos controverso, com relação a linda moça morena que parece encantada com ele, mas sofre de sua fúria incontida por um amor não correspondido em relação a outra mulher? Só há espaço no coração para um grande amor? Seria o final tão questionado pela simpatia de tal protagonista uma punição exatamente pelo descaso com relação a outras relações que poderia ter desenvolvido?
4/4
Sílvio Tavares
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http://multiplot.wordpress.com/2009/08/30/noites-brancas-le-notti-bianche-luchino-visconti-1957/
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