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hadalat | 7 de Fevereiro de 2009 | 28 utilizadores que gostaram deste vídeo, 1 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Trailer for Michelangelo Antonioni's La Notte (1961). Starring Marcello Mastroianni, Jeanne Moreau, and Monica Vitti.
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luvgod | 14 de Dezembro de 2006 | 201 utilizadores que gostaram deste vídeo, 3 utilizadores que não gostaram deste vídeo
m. antonioni - marcello mastroianni, jeanne moreau
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Título: A Noite | |
Título Original: La Notte | |
Diretor: Michelangelo Antonioni | |
Com: Marcello Mastroianni, Jeanne Moreau, Monica Vitti | |
Ano: 1961 Duração: 120 | |
Sinopse:
Um escritor e sua mulher vivem uma crise conjugal. | |
Nossa análise do filme: “A Noite” (1961) faz parte da trilogia do consagrado cineasta italiano Michelangelo Antonioni cujo tema central é a “incomunicabilidade”. Os outros dois filmes que compõem a trilogia são “A Aventura” (1960) e “O Eclipse” (1962). Numa definição meia-bomba do que seria “incomunicabilidade” para Antonioni, seria ela a impossibilidade da comunicação humana. Essa é a tese. O corolário dessa tese é que a impossibilidade leva o indivíduo ao isolamento e à autodestruição. Se não é bem isso, é bem perto disso.
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O plot é singelo. Aliás, mais singelo não poderia ser.
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Giovanni Pontano (Marcello Mastroianni), um escritor de sucesso, é casado com Lídia (Jeanne Moreau) já há algum tempo. O casal não tem filhos. Ambos estão insatisfeitos com o casamento. As razões objetivas da insatisfação de cada um não são claramente informadas. Antonioni deixa com a gente a tarefa de descobri-las e de especular sobre elas. No máximo, o diretor sugere que ele, Pontano, apesar do sucesso como escritor, é um homem entediado e inquieto. Já não valoriza elogios ao seu trabalho, desdenha a fama, acha tudo um saco e busca minorar seu desconforto com paqueras eventuais. Fosse um mortal qualquer, seu comportamento seria classificado como galinhagem das boas. Mas em sendo um intelectual, suas fraquezas vão pra conta de “angústias existenciais”. Lídia, a mulher, por sua vez, abafada pelo sucesso do marido, vive uma vidinha vazia, sem objetivo e projeto próprios. Uma vida em que todos os dias são iguais. Socialmente, faz figuração nas reuniões em que o marido é a grande estrela. Tenta passar o tempo fazendo caminhadas solitárias sem destino, entretendo-se com prosaicas cenas de rua nos arredores de Milão. É uma mulher – nos parece - à beira de uma depressão. Ou em ponto de bala pra arrumar um amante. Pois bem, é através desse relacionamento em crise, com inúmeras tomadas longas em que nada acontece, silêncios, paisagens hostis e sufocantes, etc que Antonioni constrói seu discurso sobre a “incomunicabilidade”, o peixe que o diretor quer vender na trilogia mencionada.
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Se você ainda não viu esse filme e gosta de cinema, recomendo que assista a essa obra-prima. Mas prepare-se porque não é um filme fácil de ser visto. Se a sua praia é Batman, Homem-Aranha e similares, retiro a recomendação. Melhor não ver. Você vai odiar o filme e a mim, de tabela. Pelo amor de Deus, não quero perder o (a) amigo(a).
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Mas certamente você deve estar se perguntando o que faz um filme dessa natureza num site que trata de Imagem Empresarial. Calma, já vou explicar.
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No todo, nada. Nada, embora o tema “incomunicabilidade” talvez pudesse ser explorado num espaço que fala de Comunicação. Seria chique tratar do tema, ainda mais partindo de um filme do mestre Antonioni. Porém, sendo muito honesto, não foi esse o motivo dele estar aqui. O filme veio à baila porque há nele uma passagem curiosíssima e que apenas fui percebe-la ao revê-lo muitos anos mais tarde.
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Seguinte: Pontano é convidado para uma festa na casa de um milionário industrial milanês. Antonioni descreve a festa utilizando-se daqueles lugares-comuns usados à época (anos 60) para embasar a chamada “crítica à decadente sociedade burguesa”: socialites energúmenas, conversas fúteis, convidados embriagados atirando-se de roupa na piscina, altas paqueras, “ninguém-é-de-ninguém”, cenas de sexo implícito. Com este pano de fundo, lá pelas tantas, o anfitrião chama o nosso amigo escritor num canto e revela o que tem em mente. Com aquela objetividade de homem de negócios, convida o escritor para vir trabalhar na sua empresa, oferecendo-lhe um salário espetacular. Sem a menor cerimônia, o industrial diz para Pontano que escrever livros não dá camisa a ninguém. Portanto, aceitar a oferta, significaria para o escritor e sua mulher saírem do miserê em que vivem. Que pensasse no assunto.
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E o que faria o escritor nessa empresa?
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Aí, é que está a curiosidade. O poderoso chefão diz que pretende melhorar a comunicação de sua empresa. Pontano viria a ser um diretor – talvez com status de um vice-presidente – tendo sob sua batuta as funções de Publicidade, Relações Públicas, Relações com a Imprensa, Comunicação Institucional e – o industrial faz questão de enfatizar – a Comunicação Interna. Entusiasmado, explicando com clareza coisa com coisa, ele fala da importância da função para os seus negócios. Em poucas palavras, o homem estava falando – sem tirar nem por - de Comunicação Empresarial Integrada.
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Encontrar num filme dirigido por um cineasta comunista feito há quase cinqüenta anos, um empresário - não apenas consciente quanto à importância da Comunicação Empresarial para o sucesso de seus negócios, como também sabendo explicar exatamente como deveria funcionar essa comunicação - fez encher de lágrimas os meus olhos. | |
Roberto de Castro Neves, www.imagemempresarial.com |
http://www.imagemempresarial.com/Tudosobre/Filmes/mostrafilme.asp?Num=21
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audiovisual
CINEMA
Desejo feminino ilumina "A Noite"
Por Alcino Leite Neto
Por Alcino Leite Neto
Monica Vitti e Jeanne Moreau em "A Noite" (1961), filme de Antonioni
Reprodução
Reprodução
Ansiedade erótica conduz as personagens de um dos principais filmes do diretor italiano, morto em 30 de julho, aos 94 anos
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O erotismo nos filmes de Michelangelo Antonioni ainda é um tabu para a crítica de cinema. Ele é entretanto parte importante de "A Noite", essa maravilha do cinema moderno que reestréia hoje em São Paulo, em cópia nova, 39 anos depois de seu lançamento.
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"A Noite" (61) é narrativamente o mais "conservador" dos filmes que compõem a famosa trilogia sobre o colapso do relacionamento amoroso e que incluiu "A Aventura" (59) e "O Eclipse" (62).
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A trilogia teve um imenso impacto na época, pela sua ousadia formal e seu olhar crítico. A interpretação que se fazia dos filmes era a de que Antonioni tratava numa linguagem sem par a alienação de classe (burguesa) e a situação de viver num mundo ameaçado pela bomba H, onde os significados se dispersavam com rapidez atômica.
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No primeiro filme, Antonioni recorrera a uma espécie de mistério (o desaparecimento de uma mulher) para abrir a lacuna narrativa que lhe permitiria filmar o vazio entre as pessoas.
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Em "O Eclipse", o relacionamento vai se desfiando por si só em linhas cada vez mais tênues até não sobrar dele senão sinais em coisas soltas, sem sentido, quase abstratas. A imagem do sol eclipsado levava ao apogeu um cinema que se recusava a representar sentimentos e pretendia demonstrar a reificação geral das relações e a dispersão do acontecimento.
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Em "A Noite", tudo ocorre de outro modo. Os personagens são muito sólidos e se confrontam durante o filme inteiro, até resolverem, ainda que precariamente, o seu impasse. Daí a importância do tempo, não como lacuna ou vácuo, mas como passagem, acumulação dramática.
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O que é o filme? É uma tarde, uma noite e uma madrugada na vida de um casal em crise, o escritor Giovanni Pontanno (Marcello Mastroianni) e sua mulher, Lidia (Jeanne Moreau).
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O primeiro "tempo" é repleto de linhas de fuga e de situações e signos aleatórios. Os olhares dos personagens buscam janelas, portas, ruas vazias, distâncias por onde escapar da situação opressiva em que estão imersos.
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Após visitarem um amigo à beira da morte e serem confrontados por isso com a vacuidade de suas vidas, os protagonistas se dispersam. Lidia distancia-se do ambiente burguês e percorre sem rumo as ruas da periferia de Milão.
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A "flanêrie" liberadora a faz acumular uma energia erótica, sublime, sem correspondência em Giovanni, mergulhado na prostração intelectual.
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A noite começa depois do banho de Lidia, em que Antonioni revela um dos seios de sua estrela, na época um "sex symbol". Será ela quem insistirá para que saiam de casa, façam algo à noite, tentando tirar o marido da letargia.
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Na festa, talvez uma das mais extraordinárias já filmadas, a intenção de Lidia surte efeito, mas não com relação a ela mesma: Giovanni acaba se envolvendo com Valentina (Monica Vitti).
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Antonioni filma a festa como um sistema caótico, onde o casal praticamente só se confronta com olhares. O desenlace virá enfim a partir do momento em que ocorre o sacrifício ritual de Valentina.
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Ela própria reconhecerá o seu papel de vítima no drama, na esplêndida sequência em que os três personagens se deslocam em um quarto com o cálculo de duelistas. É quando chega a madrugada, momento em que o casal decide se encarar em campo aberto.
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A ansiedade erótica de Lidia praticamente conduz "A Noite", fazendo do filme uma das mais sintéticas e precisas descrições da época a respeito do desejo feminino -assunto antigo, mas que o mundo começava então a encarar sem véus e subterfúgios.
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Antonioni, entretanto, leitor de Lukács e Adorno, realiza tudo isso num quadro de observação muito maior, de viés materialista, em que a frustração de Lidia é parte do processo de deterioração de uma representação de mundo -a burguesa- e da impotência de um de seus membros mais ilustres -o intelectual.
Este artigo foi publicado originalmente na “Ilustrada”, da “Folha de S. Paulo”, em 25/12/2000
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Alcino Leite Neto
É jornalista, editor de "Trópico" e editor de Moda da "Folha de S. Paulo", jornal onde já exerceu as funções de correspondente em Paris, editor do "Mais!", da "Ilustrada" e de "Especiais".
É jornalista, editor de "Trópico" e editor de Moda da "Folha de S. Paulo", jornal onde já exerceu as funções de correspondente em Paris, editor do "Mais!", da "Ilustrada" e de "Especiais".
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http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2895,1.shl
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