Tempo em Setúbal

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Léo Ferré chante Rimbaud : Les poètes de sept ans


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jefka59 | 24 de Abril de 2009 | 45 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Léo Ferré expliqué : http://jefka.centerblog.net/
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Les Poètes de sept ans
À M. P. Demeny.
Et la Mère, fermant le livre du devoir,
S'en allait satisfaite et très fière sans voir,
Dans les yeux bleus et sous le front plein d'éminences,
L'âme de son enfant livrée aux répugnances.
Tout le jour, il suait d'obéissance ; très
Intelligent ; pourtant des tics noirs, quelques traits
Semblaient prouver en lui d'âcres hypocrisies.
Dans l'ombre des couloirs aux tentures moisies,
En passant il tirait la langue, les deux poings
À l'aine, et dans ses yeux fermés voyait des points.
Une porte s'ouvrait sur le soir : à la lampe
On le voyait, là-haut, qui râlait sur la rampe,
Sous un golfe de jour pendant du toit. L'été
Surtout, vaincu, stupide, il était entêté
À se renfermer dans la fraîcheur des latrines :
Il pensait là, tranquille et livrant ses narines.
Quand, lavé des odeurs du jour, le jardinet
Derrière la maison, en hiver, s'illunait,
Gisant au pied d'un mur, enterré dans la marne
Et pour des visions écrasant son oeil darne,
Il écoutait grouiller les galeux espaliers.
Pitié ! Ces enfants seuls étaient ses familiers
Qui, chétifs, fronts nus, oeil déteignant sur la joue,
Cachant de maigres doigts jaunes et noirs de boue
Sous des habits puant la foire et tout vieillots,
Conversaient avec la douceur des idiots !
Et si, l'ayant surpris à des pitiés immondes,
Sa mère s'effrayait ; les tendresses, profondes,
De l'enfant se jetaient sur cet étonnement.
C'était bon. Elle avait le bleu regard, - qui ment !
À sept ans, il faisait des romans, sur la vie
Du grand désert, où luit la Liberté ravie,
Forêts, soleils, rios*, savanes ! - Il s'aidait
De journaux illustrés où, rouge, il regardait
Des Espagnoles rire et des Italiennes.
Quand venait, l'oeil brun, folle, en robes d'indiennes,
- Huit ans, - la fille des ouvriers d'à côté,
La petite brutale, et qu'elle avait sauté,
Dans un coin, sur son dos, en secouant ses tresses,
Et qu'il était sous elle, il lui mordait les fesses,
Car elle ne portait jamais de pantalons ;
- Et, par elle meurtri des poings et des talons,
Remportait les saveurs de sa peau dans sa chambre.
Il craignait les blafards dimanches de décembre,
Où, pommadé, sur un guéridon d'acajou,
Il lisait une Bible à la tranche vert-chou ;
Des rêves l'oppressaient, chaque nuit, dans l'alcôve.
Il n'aimait pas Dieu ; mais les hommes, qu'au soir fauve,
Noirs, en blouse, il voyait rentrer dans le faubourg
Où les crieurs, en trois roulements de tambour,
Font autour des édits rire et gronder les foules.
- Il rêvait la prairie amoureuse, où des houles
Lumineuses, parfums sains, pubescences d'or,
Font leur remuement calme et prennent leur essor !
Et comme il savourait surtout les sombres choses,
Quand, dans la chambre nue aux persiennes closes,
Haute et bleue, âcrement prise d'humidité,
Il lisait son roman sans cesse médité,
Plein de lourds ciels ocreux et de forêts noyées,
De fleurs de chair aux bois sidérals déployées,
Vertige, écroulement, déroutes et pitié !
- Tandis que se faisait la rumeur du quartier,
En bas, - seul et couché sur des pièces de toile
Écrue, et pressentant violemment la voile !
A. R.
26 mai 1871
- *La lecture habituelle "rives" est fautive. Erreur signalée par Steve Murphy à Pierre Brunel (Rimbaud, Oeuvres complètes).
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- Texte de la lettre à Paul Demeny du 10 juin 1871 (manuscrit de l'ancienne collection Alfred Saffrey).
- Première publication dans la Nouvelle Revue française, 1er octobre 1912

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http://www.mag4.net/Rimbaud/poesies/Poetes.html
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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Amanhã é Longe Demais - Jorge Viegas

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Fragmentos
sensíveis
Andam pelo tempo
Marcando o ritmo
Do voo das aves invisíveis
Doces melancolias
Desfazem-se pelos mistérios dos olhares
A beleza navega pelos sete mares
Diluída no brilho dos sonhos
Sombras de movimentos ancestrais
Dançam a beleza da luz imaculada
Por entre os astros do silêncio
Libertando transparências sentimentais.
Na baía das lendas
Abraçando a leveza dos espíritos
Gotas cristalinas de fontes eternas
Escorrem suavemente sonhadoras
Libertam o agora
Das profundezas do sonho da vida
E a sombra misteriosamente adormecida
Diz-nos que chegou a hora.
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domingo, 28 de novembro de 2010

La Nuit - Salvatore Adamo


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GEORGEREVITHIS | 12 de Abril de 2009 | 11 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo 
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 Lyrics to La Nuit :
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Si je t'oublie pendant le jour
Je passe mes nuits à te maudire
Et quand la lune se retire
J'ai l'âme vide et le cœur lourd

La nuit tu m'apparais immense
Je tends les bras pour te saisir
Mais tu prends un malin plaisir
A te jouer de mes avances

La nuit je deviens fou, je deviens fou

Et puis ton rire fend le noir
Et je ne sais plus où chercher
Quand tout se tait revient l'espoir
Et je me reprends à t'aimer

Tantôt tu me reviens fugace
Et tu m'appelles pour me narguer
Mais chaque fois mon sang se glace
Ton rire vient tout effacer

La nuit je deviens fou, je deviens fou

Le jour dissipe ton image
Et tu repars, je ne sais où
Vers celui qui te tient en cage
Celui qui va me rendre fou

La nuit je deviens fou, je deviens fou
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[ La Nuit Lyrics on http://www.lyricsmania.com/ ]
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http://www.lyricsmania.com/la_nuit_lyrics_adamo.html
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sábado, 27 de novembro de 2010

A Noite - Michelangelo Antonioni

 
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hadalat | 7 de Fevereiro de 2009 | 28 utilizadores que gostaram deste vídeo, 1 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Trailer for Michelangelo Antonioni's La Notte (1961). Starring Marcello Mastroianni, Jeanne Moreau, and Monica Vitti.
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luvgod | 14 de Dezembro de 2006 | 201 utilizadores que gostaram deste vídeo, 3 utilizadores que não gostaram deste vídeo
m. antonioni - marcello mastroianni, jeanne moreau
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Filmes

Título: A Noite
Título Original: La Notte
Diretor: Michelangelo Antonioni
Com: Marcello Mastroianni, Jeanne Moreau, Monica Vitti
Ano: 1961   Duração: 120
Sinopse:
Um escritor e sua mulher vivem uma crise conjugal.

Nossa análise do filme: “A Noite” (1961) faz parte da trilogia do consagrado cineasta italiano Michelangelo Antonioni cujo tema central é a “incomunicabilidade”. Os outros dois filmes que compõem a trilogia são “A Aventura” (1960) e “O Eclipse” (1962). Numa definição meia-bomba do que seria “incomunicabilidade” para Antonioni, seria ela a impossibilidade da comunicação humana. Essa é a tese. O corolário dessa tese é que a impossibilidade leva o indivíduo ao isolamento e à autodestruição. Se não é bem isso, é bem perto disso.
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O plot é singelo. Aliás, mais singelo não poderia ser.
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Giovanni Pontano (Marcello Mastroianni), um escritor de sucesso, é casado com Lídia (Jeanne Moreau) já há algum tempo. O casal não tem filhos. Ambos estão insatisfeitos com o casamento. As razões objetivas da insatisfação de cada um não são claramente informadas. Antonioni deixa com a gente a tarefa de descobri-las e de especular sobre elas. No máximo, o diretor sugere que ele, Pontano, apesar do sucesso como escritor, é um homem entediado e inquieto. Já não valoriza elogios ao seu trabalho, desdenha a fama, acha tudo um saco e busca minorar seu desconforto com paqueras eventuais. Fosse um mortal qualquer, seu comportamento seria classificado como galinhagem das boas. Mas em sendo um intelectual, suas fraquezas vão pra conta de “angústias existenciais”. Lídia, a mulher, por sua vez, abafada pelo sucesso do marido, vive uma vidinha vazia, sem objetivo e projeto próprios. Uma vida em que todos os dias são iguais. Socialmente, faz figuração nas reuniões em que o marido é a grande estrela. Tenta passar o tempo fazendo caminhadas solitárias sem destino, entretendo-se com prosaicas cenas de rua nos arredores de Milão. É uma mulher – nos parece - à beira de uma depressão. Ou em ponto de bala pra arrumar um amante. Pois bem, é através desse relacionamento em crise, com inúmeras tomadas longas em que nada acontece, silêncios, paisagens hostis e sufocantes, etc que Antonioni constrói seu discurso sobre a “incomunicabilidade”, o peixe que o diretor quer vender na trilogia mencionada.
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Se você ainda não viu esse filme e gosta de cinema, recomendo que assista a essa obra-prima. Mas prepare-se porque não é um filme fácil de ser visto. Se a sua praia é Batman, Homem-Aranha e similares, retiro a recomendação. Melhor não ver. Você vai odiar o filme e a mim, de tabela. Pelo amor de Deus, não quero perder o (a) amigo(a).
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Mas certamente você deve estar se perguntando o que faz um filme dessa natureza num site que trata de Imagem Empresarial. Calma, já vou explicar.
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No todo, nada. Nada, embora o tema “incomunicabilidade” talvez pudesse ser explorado num espaço que fala de Comunicação. Seria chique tratar do tema, ainda mais partindo de um filme do mestre Antonioni. Porém, sendo muito honesto, não foi esse o motivo dele estar aqui. O filme veio à baila porque há nele uma passagem curiosíssima e que apenas fui percebe-la ao revê-lo muitos anos mais tarde.
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Seguinte: Pontano é convidado para uma festa na casa de um milionário industrial milanês. Antonioni descreve a festa utilizando-se daqueles lugares-comuns usados à época (anos 60) para embasar a chamada “crítica à decadente sociedade burguesa”: socialites energúmenas, conversas fúteis, convidados embriagados atirando-se de roupa na piscina, altas paqueras, “ninguém-é-de-ninguém”, cenas de sexo implícito. Com este pano de fundo, lá pelas tantas, o anfitrião chama o nosso amigo escritor num canto e revela o que tem em mente. Com aquela objetividade de homem de negócios, convida o escritor para vir trabalhar na sua empresa, oferecendo-lhe um salário espetacular. Sem a menor cerimônia, o industrial diz para Pontano que escrever livros não dá camisa a ninguém. Portanto, aceitar a oferta, significaria para o escritor e sua mulher saírem do miserê em que vivem. Que pensasse no assunto.
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E o que faria o escritor nessa empresa?
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Aí, é que está a curiosidade. O poderoso chefão diz que pretende melhorar a comunicação de sua empresa. Pontano viria a ser um diretor – talvez com status de um vice-presidente – tendo sob sua batuta as funções de Publicidade, Relações Públicas, Relações com a Imprensa, Comunicação Institucional e – o industrial faz questão de enfatizar – a Comunicação Interna. Entusiasmado, explicando com clareza coisa com coisa, ele fala da importância da função para os seus negócios. Em poucas palavras, o homem estava falando – sem tirar nem por - de Comunicação Empresarial Integrada.
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Encontrar num filme dirigido por um cineasta comunista feito há quase cinqüenta anos, um empresário - não apenas consciente quanto à importância da Comunicação Empresarial para o sucesso de seus negócios, como também sabendo explicar exatamente como deveria funcionar essa comunicação - fez encher de lágrimas os meus olhos.

Roberto de Castro Neves, www.imagemempresarial.com

http://www.imagemempresarial.com/Tudosobre/Filmes/mostrafilme.asp?Num=21
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audiovisual

CINEMA

Desejo feminino ilumina "A Noite"
Por Alcino Leite Neto

Monica Vitti e Jeanne Moreau em "A Noite" (1961), filme de Antonioni
Reprodução
Ansiedade erótica conduz as personagens de um dos principais filmes do diretor italiano, morto em 30 de julho, aos 94 anos
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O erotismo nos filmes de Michelangelo Antonioni ainda é um tabu para a crítica de cinema. Ele é entretanto parte importante de "A Noite", essa maravilha do cinema moderno que reestréia hoje em São Paulo, em cópia nova, 39 anos depois de seu lançamento.
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"A Noite" (61) é narrativamente o mais "conservador" dos filmes que compõem a famosa trilogia sobre o colapso do relacionamento amoroso e que incluiu "A Aventura" (59) e "O Eclipse" (62).
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A trilogia teve um imenso impacto na época, pela sua ousadia formal e seu olhar crítico. A interpretação que se fazia dos filmes era a de que Antonioni tratava numa linguagem sem par a alienação de classe (burguesa) e a situação de viver num mundo ameaçado pela bomba H, onde os significados se dispersavam com rapidez atômica.
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No primeiro filme, Antonioni recorrera a uma espécie de mistério (o desaparecimento de uma mulher) para abrir a lacuna narrativa que lhe permitiria filmar o vazio entre as pessoas.
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Em "O Eclipse", o relacionamento vai se desfiando por si só em linhas cada vez mais tênues até não sobrar dele senão sinais em coisas soltas, sem sentido, quase abstratas. A imagem do sol eclipsado levava ao apogeu um cinema que se recusava a representar sentimentos e pretendia demonstrar a reificação geral das relações e a dispersão do acontecimento.
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Em "A Noite", tudo ocorre de outro modo. Os personagens são muito sólidos e se confrontam durante o filme inteiro, até resolverem, ainda que precariamente, o seu impasse. Daí a importância do tempo, não como lacuna ou vácuo, mas como passagem, acumulação dramática.
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O que é o filme? É uma tarde, uma noite e uma madrugada na vida de um casal em crise, o escritor Giovanni Pontanno (Marcello Mastroianni) e sua mulher, Lidia (Jeanne Moreau).
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O primeiro "tempo" é repleto de linhas de fuga e de situações e signos aleatórios. Os olhares dos personagens buscam janelas, portas, ruas vazias, distâncias por onde escapar da situação opressiva em que estão imersos.
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Após visitarem um amigo à beira da morte e serem confrontados por isso com a vacuidade de suas vidas, os protagonistas se dispersam. Lidia distancia-se do ambiente burguês e percorre sem rumo as ruas da periferia de Milão.
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A "flanêrie" liberadora a faz acumular uma energia erótica, sublime, sem correspondência em Giovanni, mergulhado na prostração intelectual.
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A noite começa depois do banho de Lidia, em que Antonioni revela um dos seios de sua estrela, na época um "sex symbol". Será ela quem insistirá para que saiam de casa, façam algo à noite, tentando tirar o marido da letargia.
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Na festa, talvez uma das mais extraordinárias já filmadas, a intenção de Lidia surte efeito, mas não com relação a ela mesma: Giovanni acaba se envolvendo com Valentina (Monica Vitti).
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Antonioni filma a festa como um sistema caótico, onde o casal praticamente só se confronta com olhares. O desenlace virá enfim a partir do momento em que ocorre o sacrifício ritual de Valentina.
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Ela própria reconhecerá o seu papel de vítima no drama, na esplêndida sequência em que os três personagens se deslocam em um quarto com o cálculo de duelistas. É quando chega a madrugada, momento em que o casal decide se encarar em campo aberto.
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A ansiedade erótica de Lidia praticamente conduz "A Noite", fazendo do filme uma das mais sintéticas e precisas descrições da época a respeito do desejo feminino -assunto antigo, mas que o mundo começava então a encarar sem véus e subterfúgios.
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Antonioni, entretanto, leitor de Lukács e Adorno, realiza tudo isso num quadro de observação muito maior, de viés materialista, em que a frustração de Lidia é parte do processo de deterioração de uma representação de mundo -a burguesa- e da impotência de um de seus membros mais ilustres -o intelectual.

Este artigo foi publicado originalmente na “Ilustrada”, da “Folha de S. Paulo”, em 25/12/2000
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Alcino Leite Neto
É jornalista, editor de "Trópico" e editor de Moda da "Folha de S. Paulo", jornal onde já exerceu as funções de correspondente em Paris, editor do "Mais!", da "Ilustrada" e de "Especiais". 
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http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2895,1.shl
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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Valsa(s) da Meia Noite


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Joiadafrica | 28 de Janeiro de 2009 | 61 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Uma Valsa inesquecível...
Uma das Valsas que muito dancei...
Lá na minha Angola...
huuummmm quanta recordação...

Voava...voava...
A menina que dançava...
Na vida... no Salão...
Na sintonia...
Dos passos...
Da musica...
Nos sonhos da Ilusão...
♫♥Jóia♥♫
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gpmesquita | 16 de Junho de 2009 | 0 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
No copyright intended...
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paixaomusica | 10 de Setembro de 2009 | 15 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
VALSA DA MEIA NOITE Instrumental
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antoniomcmoreira | 1 de Novembro de 2009 | 23 utilizadores que gostaram deste vídeo, 1 utilizadores que não gostaram deste vídeo 
Nos anos sessenta um agrupamento de música de baile em estilo rock, de Vila Nova de Gaia (Carvalhos), gravava para a etiqueta Rapsódia sediada no Porto, esta versão da Valsa da meia-noite, que seria um estrondoso éxito em tudo quanto era baile de rua, muito em voga na época!!!
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z3video | 10 de Outubro de 2009 | 4 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Menor do Chapa - Valsa Da Meia Noite

Valsa da Meia Noite

Menor do Chapa

Composição: Desconhecido
Simbora Dj Edgar
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Daquele jeitinho...
Koé neguinho
Se liga nessa parada
Fala que é nós
Se não for tá de mancada
Se vacilar
A cobrança chega hoje
Vai dançar a valsa da meia noite
Tá de maldade
Então vai ficar mancando
E o Edgar
Lá no baile tá tocando
Mas a raiz que corre em nossas veias
Porque a nossa origem é funkeira
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Refrão:
E o Edgar é nós
Vem curtir pra crer
Demoro
Se tu não acredita
O Edgar é o proceder
O Edgar é nós
Vem curtir pra crer
Demoro
Se tu não acredita
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koe neguinho...
O Edgar é o proceder
koe neguinho
Se liga nessa parada
Fala que é nós
Se não for tá de mancada
Se vacilar
A cobrança chega hoje
Vai dançar a valsa da meia noite
Tá de maldade
Então vai ficar mancando
E o Edgar
Lá no baile tá tocando
Mas a raiz que corre em nossas veias
Porque a nossa origem é funkeira
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Refrão:
E o Edgar é nós
Vem curtir pra crer
Demoro
Se tu não acredita
O Edgar o proceder
E o Edgar é nós
Vem curtir pra crer
Demoro
Se tu não acredita
O Edgar é o proceder
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Fala que nós Fiel!
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http://letras.terra.com.br/menor-do-chapa/344342/
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Fogo na noite escura - Fernando Namora



Fogo na Noite Escura foi o primeiro grande romance de Fernando Namora e conserva uma atualidade histórica flagrante, e uma dimensão existencial muito mais profunda do que aquela que se lhe poderia supor no momento em que surge.

Editado por Thesaurus, 1ª edição, 1973, 480 páginas
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http://www.thesaurus.com.br/livro/1360/fogo-na-noite-escura/

(...)
Já a acção de Fogo Na Noite Escura, de Fernando Namora, publicado em 1943, decorre em pleno ambiente universitário da Coimbra do tempo, integrando personagens estudantes de Medicina, como Júlio e Mariana, de Direito, e Engenharia, como Zé Maria e Abílio; e outras como Luís Manuel, Dina, Eduarda, portadoras cada uma delas das marcas neo-realistas da sua proveniência sociocultural, mas, quando alunos da Universidade, vivendo, no tempo e espaço da narração, num hiato entre classes, que decorre da condição de estudantes que lhes é comum, e que comporta um nivelamento persistentemente denunciado como falso ou artificial ao longo da narrativa. Estava‑se em 1943, em plena II Grande Guerra, e o romance sobre o ambiente universitário que se escrevia em Portugal, narrado ainda da perspectiva do estudante, não era significativamente diferente das obras da mesma índole que se escreviam em Inglaterra e nos Estados Unidos.
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O panorama viria a modificar‑se radicalmente no pós‑guerra de 39‑45: principalmente a partir do dealbar da década de 50, o romance académico muda de natureza e assume, em Inglaterra e nos Estados Unidos, as proporções e as características que vão contribuir para a sua definição como subgénero. As obras, cujos autores são professores universitários, passam a ser narradas do ponto de vista do Professor, e a veicular um leque mais alargado, e crítico, de perspectivação social. Foi esta mudança de natureza que, curiosamente, o contexto português não acompanhou.
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(...)
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Maria Filipa dos Reis
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http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/R/romance_academico.htm
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Fernando Namora


BIBLIOGRAFIA

Fernando Gonçalves Namora nasceu em Condeixa-a-Nova, no distrito de Coimbra, a 15/04/1919. Os pais eram descendentes de camponeses do concelho de Ansião, no distrito de Leiria. Depois de concluída a instrução primária, iniciou os estudos secundários no Colégio Camões, em Coimbra, tendo em seguida transitado para o Liceu Camões, em Lisboa, onde foi colega de Jorge de Sena. De novo em Coimbra, no Liceu José Falcão, dirige o jornal académico Alvorada e escreve a sua primeira obra, uma colectânea de novelas, Almas sem Rumo (1935), nunca publicada. Em 1937 chega a anunciar a publicação da novela Pecado Venial, o que também nunca veio a acontecer. 
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A sua iniciação literária fez-se sob o signo presencista, mas rapidamente foi atraído pela estética neo-realista. Fez parte do grupo do "Novo Cancioneiro" e foi um livro seu (Terra) que iniciou a colecção, em 1941. 
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Continuou os estudos na Universidade de Coimbra, onde se licenciou em Medicina. O seu interesse pela escrita acentuou-se durante os anos da mocidade e são dessa época as primeiras obras publicadas, nomeadamente o romance de estreia (As Sete Partidas do Mundo), galardoado com o Prémio Almeida Garrett, que marca a sua adesão à corrente neo-realista.
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Concluído o curso, exerceu medicina em ambientes diversos, sobretudo na Beira Baixa e Alentejo, além da terra natal, Condeixa, e essa experiência clínica e humana permitiu-lhe recolher múltiplos elementos que aparecem transfigurados na sua obra literária.
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Segundo A. J. Saraiva e O. Lopes, Fogo na Noite Escura é o único romance neo-realista sobre a juventude universitária, enquanto Casa da Malta retrata a vida dos ganhões alentejanos e Retalhos da Vida de um Médico traduzem literariamente a sua experiência de médico rural.
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Recebeu o Prémio José Lins do Rego, pelo romance Domingo à Tarde. Foi-lhe atribuído também o Prémio Ricardo Malheiros.
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O seu romance evoluiu de uma espécie de inquérito social para construções romanescas mais livres, abertas a dimensões picarescas e poéticas. Em algumas das suas obras nota-se a influência da corrente existencialista (O Homem Disfarçado e Cidade Solitária) e em Domingo à Tarde percebe-se uma harmoniosa integração desse existencialismo com um neo-realismo amadurecido. Nos anos sessenta e setenta a ficção cede o lugar à crónica e impressões.
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Além da ficção e da poesia, cultivou uma espécie de crónica romanceada, em que se fundem a reportagem e o ensaio.
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Retalhos da Vida de um Médico, Domingo à Tarde e O Trigo e o Joio foram adaptados para o cinema e, o primeiro, também para a televisão.
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Era membro da Academia das Ciências de Lisboa.
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Morreu em Lisboa a 31/01/1989.
(Maio/98)
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http://anajorge.tripod.com/namora.htm
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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Até Amanhã, Camaradas - Manuel Tiago



Eduardo Cintra Torres
Manual do Militante e Epopeia do PCP

O romance "Até Amanhã, Camaradas", de Manuel Tiago, pseudónimo de Álvaro Cunhal, é antes do mais um documento histórico. Relata a vida interna do PCP nos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial, em torno das lutas populares que organizou no vale do Tejo em 1944.
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Retrata a realidade pelos olhos de um interveniente nos acontecimentos, depois secretário-geral do PCP, urdindo capazmente uma teia de personagens numa trama colectiva com inúmeros episódios. 
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É por esse lado que o primeiro romance de Cunhal cativa como texto transponível para o ecrã. Apesar do estilo desinteressante e "kitsch", Cunhal construiu uma narrativa credível. Manejou as personagens do mesmo modo que, como secretário-geral, dominou a estrutura de alto a baixo do partido. O romance é um organograma em movimento. O êxito do livro é em parte consequência do êxito político do PCP. Sobrevivendo ao fascismo e às cisões, o PCP chegou até hoje, reclamando para si muita da oposição ocorrida em décadas de fascismo. Sem o diminuir, pode dizer-se que esse palmarés é exagerado. Além das pequenas oposições "burguesa", republicana, maçónica ou católica, houve um importante movimento à esquerda do PCP a partir dos anos 60. E houve, também, um forte movimento anarquista até aos anos 30, hoje quase ignorado histórica e até literariamente. O silêncio que cobre as outras oposições estende-se por osmose a ficções igualmente importantes enquanto documentos históricos e melhores literariamente do que "Até Amanhã, Camaradas", como "O Arcanjo Negro", de Aquilino Ribeiro, "A Lã e a Neve", de Ferreira de Castro, e outras páginas de ficção atravessada pela política em Rodrigues Miguéis, Paço d'Arcos, Branquinho da Fonseca, Manuel da Fonseca, Torga, Sena e outros. Esse passado histórico e esses romances apagam-se na memória e os romances de Cunhal sobrepõem-se-lhes porque, ao contrário do que se costuma ler ou dizer, Cunhal é um vencedor da História. Se tivesse desaparecido do palco, "Até Amanhã, Camaradas" seria apenas fonte histórica especializada. .
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Antes de passar à série televisiva co-produzida pela SIC (28 e 29/01), convém situar "Até Amanhã, Camaradas". Trata-se de um livro singular. O protagonista é colectivo e chama-se "PCP". A narrativa centra-se nos militantes clandestinos e nos seus problemas políticos, pessoais e de segurança. Como se comportam se passam à clandestinidade? Como vivem nas "casas de apoio"? Como se portam se são presos? Outro tema central é a (re)organização do PCP. Quais as preocupações dos clandestinos na ligação entre as estruturas de base, as intermédias e o Comité Central? Quais os tipos de militantes que se encontram? Os que falam e não fazem nada, os problemáticos, os voluntaristas, os totalmente dedicados à causa? Quais as tarefas importantes? Distribuir a imprensa? Participar nas reuniões? Organizar greves? Como fazer o PCP crescer, que é o objectivo principal? A trama narrativa serve para responder a estas questões. Quem julga que "Até Amanhã, Camaradas" é um romance sobre lutas populares engana-se redondamente. Cunhal escreveu um romance sobre o PCP e para o PCP. É uma espécie de manual de clandestinidade para os seus camaradas aprenderem as regras internas do partido. Em vez de textos maçudos para "O Militante", o jornal interno do PCP, Cunhal forneceu-lhes uma estória escorreita e até empolgante, povoada de dirigentes e militantes de base em acção. A estrutura do romance, que a série da SIC muito bem reproduziu, revela o quanto este é um livro sobre o PCP. As fases da narrativa são as três da intriga mínima: a) situação inicial estável de sobrevivência do partido e aproveitamento das privações de operários e camponeses; o PCP procura reforçar-se capitalizando o descontentamento popular; b) na parte central do romance, o PCP lidera greves e manifestações que apanham as autoridades desprevenidas: é um sucesso político do PCP, mas logo seguido de brutal repressão; c) a este estado de desequilíbrio seguem-se o esforço e corroboração da reorganização do PCP, levada a bom termo, regressando-se a um estado semelhante ao inicial, mas melhor para o PCP segundo a versão de Cunhal. "Happy end". Na estrutura e na narrativa, as lutas populares são pretexto para o PCP se fortalecer e para se provar que a reorganização de Cunhal era correcta. Os métodos conspirativos e clandestinos e a nova estrutura organizacional são legitimados e explicados minuciosamente. As massas populares são tão-só um pano de fundo de parte do romance, com pouco interesse. Em "Até Amanhã, Camaradas", o povo serve para validar o PCP e serve para o PCP regressar reforçado da repressão e da reorganização. "Até Amanhã, Camaradas" não é um elogio da personagem colectiva povo ou operários e camponeses unidos. É um elogio e um manual do PCP e do "centralismo democrático", isto é, das regras internas que ainda hoje governam o partido de Cunhal. Romance de tese, didáctico e escrito num estilo realista apagado, usa a potencialidade com que o género romance mostra um mundo amplo e concreto para transmitir em narrativa a ideologia e instruções do seu autor. Mas "Até Amanhã, Camaradas" tornou-se também, com o tempo, uma epopeia do PCP, o passado épico absoluto do partido, um grande fresco narrativo com inúmeros heróis entre o humano e o divino agindo numa polifonia romanesca que conduz sempre ao objectivo de elucidar militantes e promover o "centralismo democrático".  
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Se o protagonista do romance é o PCP, as três personagens secundárias dominantes são Vaz, Ramos e Maria. Vaz é o militante profissional totalmente dedicado ao partido, sem tempo a perder com a alegria de viver. Ramos é igual, mas com a alegria que falta a Vaz. O lado austero e monomaníaco, quase maquinal, de Vaz tem levado a escrever-se que se trata de um "alter ego" de Cunhal. Mas poderá ver-se também em Ramos outra projecção de Cunhal, um "self" que o Cunhal real quereria igualmente mostrar mas não poderia por achá-lo incompatível com a sua política. (Continua. Até amanhã, leitores.)
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http://static.publico.clix.pt/tvzine/critica.asp?id=3102
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Manuel Tiago (pseudónimo de Álvaro Cunhal)

Até amanhã, Camaradas

Col. Resistência, Edições Avante


            Com o nome de Manuel Tiago foi publicado este livro Até amanhã, Camaradas. Era um nome completamente desconhecido, não identificado. Aliás, o livro abre com uma nota sobre este misterioso autor:

                “O original dactilografado do romance, Até amanhã, Camaradas, foi encontrado junto de outros originais, num arquivo formado, no decurso dos anos, ao sabor dos incidentes e de acidentes, na vida agitada daqueles mesmos dos quais o romance dá alguns exemplos típicos.
            Desconhece-se quem é o autor. O único exemplar encontrado não tem assinatura.
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            Só, numa pequena folha apensa e apagada, podia ler-se, em rabisco apressado, o nome Manuel Tiago, pseudónimo de certeza.
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            Foram consultadas pessoas que poderiam dar eventualmente indicações conduzindo a uma identificação. Sem resultado. O autor fica assim merecendo o título de “homem sem nome”, tal como as personagens do romance.»

            Só depois da queda da ditadura se desvendou o mistério e se identificou o autor, como sendo Álvaro Cunhal, a figura mais carismática do PCP que foi durante muitos anos Secretário-Geral do seu partido.
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            O romance Até amanhã, Camaradas é, antes de mais nada, um documento histórico da resistência portuguesa contra a ditadura.
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            O núcleo fundador desta narrativa é, porém, a vida interna do PCP.
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            Centra-se, sobretudo, nos militantes clandestinos e nos seus problemas políticos, de segurança, de comunicação com as bases, além das vivências pessoais, quer sentimentais, quer de sobrevivência e de relacionamento com os camaradas e com o exterior.
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            A acção passa-se nos anos difíceis da Segunda Guerra Mundial e durante as lutas populares que o PCP organizava no Vale de Tejo por volta de 1944.
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            Inicia-se com a chegada de um jovem, de bicicleta, num dia de chuva torrencial, a uma aldeia recôndita, procurando um tal Manuel Rato. Ele é, segundo se apresenta, o sapateiro de Santarém que, passando caminhos esconsos e lamacentos, subindo e descendo vales, prossegue a viagem, apesar da intempérie.
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            Encontrando Manuel Rato, mostra-lhe a senha (um pedaço de papel com o desenho de uma planta de sapato) a que se iria ligar a outra metade que Manuel Rato também possuía, confirmando assim a sua autenticidade.
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            Eles falam da pobreza da aldeia, da falta de trabalho, da exploração dos camponeses, dizendo-lhe Manuel Rato que, em breve, iria trabalhar para as minas.
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            Depois de sua mulher lhe oferecer um caldo quente com hortaliças e uma broa com toucinho, passaram parte da noite a conversar. Manuel Rato, a mulher e Joana, a filha, que, apesar de muito novinha se interessava por tudo e queria ouvir histórias sobre a União Soviética e sobre o trabalho que estavam a realizar.
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            Mas este jovem, de rosto duro e enérgico, tem de prosseguir a sua longa caminhada em busca de outros camaradas a fim de criar a ligação entre este sector e a organização.
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            A chuva persegue-o e é molhado até aos ossos que chega a uma taberna, numa povoação vizinha, onde pede um quarto de pão, um queijo fresco e um copo de vinho.
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            Em seguida, ele parte para a cidade onde irá ter lugar uma reunião do Comité Regional, na qual se discutirá sobre as praças de jornas, em que os trabalhadores eram contratados. Uns consideravam que deviam pôr fim a esses vestígios de servidão, onde os patrões e manajeiros ofereciam jornas «como quem oferece numa feira o preço do gado.»
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            Mas a ordem do Comité Central, veiculada por Vaz, o rapaz da bicicleta, era continuar as praças, porque aí estavam todos juntos e podiam fazer o seu preço. Enquanto que se estivessem separados, a exploração sobre eles individualmente seria maior. Marques, que estivera contra esta decisão, enfrentando o olhar fixo de Vaz, disse-lhe:
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            “Os Camaradas do Comité Central estão lá muito, muito em cima e nem sempre são informados”.
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            Uma hora mais tarde, já Vaz se encontrava a léguas de distância, sentado no escritório de um camarada advogado. Vaz encontrava-se muito cansado e o advogado insistia na crítica ao trabalho do Partido, ao jornal que considerava pobre, sem artigos de divulgação doutrinária e, por vezes, com erros.
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            E quando Vaz lhe pergunta se ele tinha elementos sobre o caso das negociatas do Governador Civil com a Câmara, ele responde com evasivas, que era um caso muito delicado.
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            Também se esquecera de comprar o Diário do Governo, conforme lhe tinha sido pedido.
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            Depois, à pergunta se poderia dormir ali no seu escritório ou na casa dele, o advogado fica muito agitado e acaba por dizer que era muito perigoso ficar ali e que, em casa, a sua família era muito burguesa e não compreenderia aquela intromissão.
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            Vaz parte e, por momentos, vem-lhe à memória a família modesta de Manuel Rato, recebendo-o naquela casa pobre, no entanto, com tanto carinho. E é neste clima, por vezes, mesmo de desconfiança entre os camaradas, de vidas projectadas para a clandestinidade, onde os esperaria uma vivência muito dura, de sobressalto em sobressalto, de privações de toda a ordem, até de comida, que se desenrola a acção.
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            Vaz faz-se à rua debaixo de chuva. Já era tarde e não podia ir procurar uma pensão que despertaria suspeitas. Nessa semana passara já duas noites em branco, fizera centenas de quilómetros de bicicleta, andara léguas e léguas a pé, comendo apenas uma pequena refeição por dia. Agora abrigava-se debaixo dum aqueduto, o chão era um charco e o frio penetrava-lhe no corpo. Só de manhãzinha, tiritando de frio e de fraqueza fora procurar outro camarada, o Pereira.
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            A casa dos Pereiras tornara-se primeiro um “ponto de apoio” do aparelho clandestino e, depois, quando Pereira se tornou responsável da organização local, o ponto de ligação dos controleiros com a organização. 
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            Aí vai encontrar a comida quente de que necessitava, uma cama e o calor humano.
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            Destes episódios ficamos a conhecer a vida dos controleiros, andando quilómetros a pé ou de bicicleta, passando dias sem dormir e quase sem comer. Somos igualmente espectadores da vida de privações dos camponeses e dos operários que vão ter o apoio do partido nas suas reivindicações. No meio do romance, o PCP lidera greves e manifestações que apanham as autoridades desprevenidas, mas logo seguidas de brutal repressão que conduz os protagonistas à prisão e mesmo à morte. É o caso da filha de um militante que, numa greve, se coloca à frente do pai para o proteger da brutalidade da polícia que lhe está a bater e é morta por uma bala do agente. 
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            E, quase no final da obra, a morte a tiro de um dos militantes mais activos.
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            As três personagens que mais se evidenciam neste romance são Vaz, Ramos e Maria. Pela faceta austera de Vaz, tem-se considerado que será uma identificação desta personagem com Álvaro Cunhal, embora muitas das características de Ramos sejam também compatíveis com a personalidade do autor.
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            Até amanhã, Camaradas tornou-se através destes anos uma epopeia do PCP, onde o passado épico eleva a heróis os seus militantes, protagonistas da acção do romance.
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            Esta obra foi transposta para o cinema numa série que a SIC reproduziu em dois episódios de uma forma magistral. O romance encerra, com efeito, qualidades a nível dos planos da acção e do seu dinamismo que se adaptam à técnica cinematográfica.
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            A dramaticidade dos acontecimentos e o carácter épico e ético conferem a esta obra a qualidade artística e humana que é o produto de um autor que dedicou toda a sua vida a um ideal, sem equívocos ou incoerências.

                       
                                                                                      Elsa Rodrigues dos Santos 
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atomicorecp | 27 de Abril de 2008 | 11 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Portugal, 1944. Num país oprimido por uma ditadura retrógrada, servida por uma polícia política implacável (a PVDE), há quem resista e se organize para mobilizar o povo para a luta pelo pão e pela liberdade. Mesmo que isso lhe possa custar a prisão, torturas, ou até a vida. Pessoas como Vaz, Ramos, António e Paula militantes e funcionários do Partido Comunista, que desenvolvem a sua acção na clandestinidade, reorganizando o Partido nas zonas dos arredores de Lisboa e do ribatejo, ao mesmo tempo que preparam uma grande jornada de luta, com greves e marchas contra a fome. Esta série, adaptada da obra homónima de Manuel Tiago (pseudónimo de Álvaro Cunhal), mostra o dia-a-dia dessa luta clandestina, vivida por dentro, no terreno. Os seus personagens são um retrato dos homens e das mulheres que dedicaram as suas vidas a essa luta. Dos seus ideais, das suas paixões e dos seus sacrifícios. Dos que mostraram fraqueza e dos que deram a vida pelo que acreditavam.


Até Amanhã, Camaradas
- Filme de Joaquim Leitão com António Alcântara, Pedro Alpiarça, Amélia Corôa, São José Correia, Carlos Curto, Juana Pereira da Silva, Pedro Efe, Cândido Ferreira, Ivo Ferreira, António Filipe, Sara Graça, Adriano Luz, Paula Só, Luís Soveral, Adelino Tavares, Francisco Tavares, Leonor Seixas, Gonçalo Waddington.
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Autor: diasferreira 
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

El Reloj - Roberto Jorge



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Composta por Roberto Cantoral, a música El reloj já teve intérpretes como Lucho Gatica, Trini Lopez, Antonio Prieto, Luis Miguel entre outros. Esta versão está na voz de Roberto Jorge com base MIDI e sistema artesanal. Só para os amigos relembrarem.
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El Reloj

Antonio Prieto

Composição: Roberto Cantoral
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Reloj no marques las horas,
porque voy a enloquecer,
ella se irá para siempre,
cuando amanezca otra vez.
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Nomas nos queda esta noche,
para vivir nuestro amor
y su tic-tac me recuerda,
mi irremediable dolor.
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Reloj detén tu camino,
porque mi vida se apaga,
ella es la estrella que alumbra mi ser,
yo sin su amor no soy nada.
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Detén el tiempo en tus manos,
hace esta noche perpetua,
para que nunca se vaya de mí,
para que nunca amanezca.
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Nomas nos queda esta noche,
para vivir nuestro amor
y su tic-tac me recuerda,
mi irremediable dolor.
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Detén el tiempo en tus manos,
hace esta noche perpetua,
para que nunca se vaya de mí,
para que nunca amanezca.
Para que nunca se vaya de mí,
para que nunca amanezca.
Para que nunca se vaya de mí,
para que nunca amanezca.
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http://letras.terra.com.br/antonio-prieto/1631210/
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domingo, 21 de novembro de 2010

Cinco Dias, Cinco Noites - Álvaro Cunhal e Fonseca e Costa

Cinco Dias, Cinco Noites Poster
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Filme português, dia 27 de Março, às 21:00 horas, no canal Lusomundo Gallery.
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  • Data 20/07/04
  • Duração 00:01:52

 
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malmaior | 6 de Abril de 2010 | 2 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Cena retirada do filme de José Fonseca e Costa, de 1996, baseado na obra de Manuel Tiago, pseudónimo literário de Álvaro Cunhal. Esta parte foi rodada em Arco de Baúlhe (Cabeceiras de Basto).
Todos os direitos reservados à Madragoa Filmes.
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atomicorecp | 1 de Maio de 2008 | 3 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Portugal, final dos anos 40. André, 19 anos, vê-se forçado a abandonar o país depois de fugir da prisão. No Porto, uns amigos arranjam-lhe um passador (Lambaça), contrabandista dado ao vinho e brigão, que conhece bem a fronteira de Trás-os-Montes. A sua antipatia e desconfiança mútua nascem logo no primeiro encontro. Mas, ao longo de cinco dias e cinco noites, atravessando montes e vales, escondendo-se da guarda e da polícia política, e com a ajuda de muito conhecidos de Lambaça (entre os quais a bela Zulmira), os dois homens vão ter tempo para se conhecer melhor um ao outro. E desse antipatia e desconfiança iniciais, do encontro desses dois mundos que de outra forma nunca se cruzariam, irá talvez ficar, quando finalmente se despedem, uma amizade e admiração que nenhum deles esquecerá.
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Synopsis:
Set in 1949 Portugal when the country was under strict right-wing government, this drama follows the flight of a 19-year-old political fugitive and the resourceful but mysterious older man who agrees to help him get out of the country. The precise reasons why young Andre, who was involved with a revolutionary movement, was put into prison is never clarified. After his escape from prison, Andre is introduced to the button-down Lambaca. He is not what Andre was expecting, and he does not completely trust the gun-toting Lambaca, but with everything to lose -- including the fortune in cash he carries upon him -- the youth has no choice but to follow him. As the difficult trek into the north continues, Andre's trepidation mounts.

~ Sandra Brennan, All Movie Guide
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http://www.hollywood.com/movie/Cinco_Dias_Cinco_Noites/170868
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Cinco Dias, Cinco Noites

Novela de Manuel Tiago (pseudónimo literário de Álvaro Cunhal) publicada em 1975.
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A acção desenrola-se no Norte de Portugal, nos finais dos anos 40, e centra-se em duas personagens, oriundas de realidades diferentes que, perante a adversidade, vão estabelecer um enorme respeito uma pela outra.
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André, com 19 anos, evade-se da prisão e é forçado a fugir de Portugal. Na cidade do Porto, um amigo apresenta-lhe um passador, contrabandista e com cadastro, conhecido como Lambaça, que vai ajudar o jovem a passar a fronteira de Trás-os-Montes, pois conhece bem a região. A partir do momento em que se conhecem, desenvolve-se um sentimento de antipatia entre André e Lambaça. No entanto, para transpor a fronteira, os dois convivem cinco dias e cinco noites, por montes e vales, a tentar despistar a polícia, e a desconfiança inicial entre eles começa a desvanecer-se, passando a gerar-se um sentimento de respeito e admiração que prevalece após a sua separação.
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A obra foi adaptada para cinema, com título homónimo, em 1996, sob a realização de José Fonseca e Costa, contando com as interpretações de Vítor Norte e Paulo Pires. No Festival de Cinema Latino de Gramado, em 1996, ganhou o Prémio de Melhor Fotografia e de Melhor Música e ganhou também, nesse ano, o Globo de Ouro para o Melhor Filme.



Como referenciar este artigo:
Cinco Dias, Cinco Noites. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consult. 2010-11-21].
Disponível na www: .
 
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Segunda-feira, Abril 13, 2009

Crónicas Literárias: Cinco Dias, Cinco Noites


Portugal, fim da década de 40. André, jovem militante comunista, está prestes a ser detido pela polícia política, vendo-se forçado a abandonar clandestinamente o país. É idealizado um plano de fuga através da fronteira da região de Trás-os-Montes com Espanha. Para o plano ser levado avante é necessário o recrutamento de um passador, alguém que conheça bem os terrenos fronteiriços. Alguns camaradas de André recomendam-lhe Lambaça, contrabandista, um tipo rude e autoritário, dado ao vinho e à desordem.

A antipatia e desconfiança mútua inicial prolongam-se durante cinco dias e cinco noites, período em que percorrem montanhas e vales, entre desacordos e privações, escondendo-se da guarda e da polícia política, e contando com a ajuda de alguns conhecidos de Lambaça, entre os quais a bela Zulmira.

A história escrita por Manuel Tiago, pseudónimo de Álvaro Cunhal, relata de forma sublime a confrontação psicológica entre dois homens, oriundos de universos distintos, mas em busca do mesmo objectivo, a liberdade!
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No final, é notória a subtileza com que é descrito o respeito mútuo entre André e Lambaça, construído nas situações mais adversas, embora fiquem no ar alguns pontos de interrogação, ideais para quem tenha uma imaginação mais fértil...

Em 1996, Fonseca e Costa, adapta o o romance ao cinema, realizando um filme inteligente e sensível com excelentes interpretações de Paulo Pires e Vítor Norte.
 
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http://jp-doceilusao.blogspot.com/2009/04/cronicas-literarias-cinco-dias-cinco.html
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Cinco dias, cinco noites

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Longe de veredas e povoações, a serra ondulava pedregosa e nua. Só aqui e além, ao fundo das encostas ou por detrás dos cabeços, repousavam manchas macias de terra lavrada. Donde e quem vinha lavrá-la parecia mistério em sítio tão desolado e ermo. Toda a tarde caminharam, o Lambaça adiante, André atrás. Nem uma só vez avistaram um ser humano. Não fora o sol derramando luz no ar e nas coisas, não fora o ar límpido e leve, aquele deserto e aquele silêncio seriam intoleravelmente opressivos. Assim, a serra abria-se à intimidade, numa carícia tranquila e confiante.

Mas, quando o sol começou a aproximar-se do horizonte, e os vales se diluíram em penumbras, e os cabeços e rebolos estenderam as sombras, e o ar começou a pesar de humidade e frio, então, sobranceira, a serra ganhou subitamente nova grandeza, como que olhando os intrusos com hostilidade.

Pseudónimo literário de Álvaro Cunhal, que com ele assinou obras de ficção, designadamente Até Amanhã, Camaradas (1975), Cinco Dias, Cinco Noites (1975) e A Estrela de Seis Pontas (1994, adaptado para cinema por José Fonseca e Costa). A verdadeira identidade de Manuel Tiago só foi confirmada aquando da publicação deste último romance. Durante anos, muito se especulou acerca da autoria das obras. 
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Paperback, Large Print, 88 pages -  Published 1994 by Editorial Avante - ISBN - 9725502337
primary language -Portuguese -url  htttp://www.editorial-avante.pcp.pt/
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Morreu Álvaro Cunhal
Criado segunda-feira, 13 de Junho de 2005
Última actualização quarta-feira, 15 de Junho de 2005
 
DR

Por Torcato Sepúlveda
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A ficção de Cunhal/Tiago entre a lucidez e a missa ideológica
Por Adelino Gomes
14.06.2005
Álvaro Cunhal foi talvez o único dirigente importante do comunismo internacional que cultivou a ficção. Mais uma singularidade deste homem singular.
 
É claro que não escreveu romances, novelas e contos com o objectivo de criar um mundo, como acontece com a generalidade dos romancistas, mas para testemunhar um mundo que ele conhecia bem: o dos revolucionários profissionais leninistas, que procuravam derrubar o fascismo e o capitalismo.

A literatura de Álvaro Cunhal tem fins pragmáticos: explicar ao povo e aos militantes do Partido Comunista Português (PCP) qual devia ser o comportamento dos revolucionários na clandestinidade e perante a polícia política.

Ora, enquanto este objectivo teve razão de ser, as obras ficcionais de Cunhal atingiram níveis de qualidade acima da média; quando, depois da revolução do 25 de Abril de 1974, o então secretário-geral do PCP prosseguiu a sua aventura literária, a qualidade decresceu, como se ele adivinhasse, mas não quisesse ou pudesse admiti-lo, que aquele tipo de literatura era inútil. A complexidade temática do romance Até Amanhã, Camaradas e do conto Cinco Dias, Cinco Noites, o carácter multifacetado das suas personagens, estão aí para prová-lo. Os títulos posteriores são de uma banalidade estilística confrangedora.

Em Até Amanhã, Camaradas e em Cinco Dias, Cinco Noites há muita missa ideológica, muita predicação pedagógica; mas há também personagens contraditórias e ambíguas que evoluem numa realidade semovente. Isto é, o mundo - quer o grande mundo, quer a sociedade restrita e fechada dos clandestinos - não é pintado a preto e branco. Este romance e este conto pretendem ser - e são - o catálogo completo das situações que os revolucionários profissionais enfrentavam no Portugal salazarista.

Com a leitura de Até Amanhã, Camaradas ficamos a saber quase tudo, desde como se preparavam e realizavam greves e manifestações operárias e camponesas, até como devíamos comportar-nos nos interrogatórios da PIDE, passando pela forma de montar uma casa clandestina e pela maneira de conseguir fundos dos simpatizantes. Faltava, no entanto, uma situação que, por necessidade narrativa ou esquecimento, o autor deixara de lado: a passagem ilegal de fronteiras. Falha colmatada em Cinco Dias, Cinco Noites.

A influência do realismo americano

Se os dois livros fossem apenas isto, teriam interesse sociológico e histórico evidente, e ponto. Acontece, porém, que há mais, bastante mais. A personagem Ramos, de Até Amanhã, Camaradas, é tão rica em contradições que o autor acaba por matá-la para que a narrativa prossiga. O seu desejo é tão vivo, tão anárquico que tanto as mulheres na rua como as camaradas nas casas clandestinas caem sob o charme deste homem alegre e dominador. O partido critica Ramos por ele dormir com a mulher de um legionário, nem sequer tomando cautelas de segurança mínimas; Ramos aceita a crítica com dificuldade. Mas que diria o partido - se soubesse, pois não sabe - que ele está prestes a dormir com a camarada Maria, companheira de outro funcionário? Antes que o partido saiba, Cunhal fá-lo tombar assassinado pela PIDE.

Em Cinco Dias, Cinco Noites, o militante que se prepara para atravessar a salto a fronteira é o seu tanto ingénuo e desconhecedor das coisas da vida; Cunhal coloca-o frente ao passador Lambaça, tipo áspero, gozão, sarcástico. Os militantes são enfiados na tina cheia de água suja da realidade contraditória.

É extraordinário, no entanto, que esta muito lúcida visão do mundo seja sistematicamente acompanhada de uma espécie de missa ideológica, durante a qual os padres partidários proferem homilias que já na altura deveriam ser insólitas em qualquer país civilizado. A crítica às mulheres vistosas é a mais ridícula. Certas personagens e o narrador não se limitam a sustentar - o que seria de certa forma defensável - que uma mulher espampanante se torna visível para toda a gente, inclusive para a polícia. Não. Há que fazer a defesa absolutista das mulheres sérias, discretas, modestas. Salazar não diria coisas diferentes.

Esperar-se-ia que literariamente Álvaro Cunhal estivesse preso aos cânones do realismo socialista soviético. É falso. Se alguma influência estética se nota nestes dois livros é a do realismo norte-americano, de John Steinbeck, de Ernest Hemingway, e sobretudo de Erskine Caldwell.

A chapa de zinco que atravessa a estrada em frente do funcionário político Vaz, em dia de grande tempestade, logo no início de Até Amanhã, Camaradas, é sintomática desse estilo. A cena da manifestação reprimida do mesmo romance é das mais cinematográficas da literatura portuguesa. Um homem baixo e cheio que surge de noite num pinhal e parece alto e elegante demonstra a grande visualidade desta criação romanesca. Não será por acaso que os dois livros foram requisitados pelo cinema português: José Fonseca e Costa adaptou Cinco Dias, Cinco Noites [e Até Amanhã, Camaradas foi realizado por Joaquim Leitão e exibido este ano como mini-série televisiva na SIC].

O resto da obra romanesca de Álvaro Cunhal apresenta escasso valor literário. A Estrela de Seis Pontas tem este interesse limitado: o escritor mergulha no ambiente dos presos de delito comum, gente com quem se cruzou na cadeia enquanto preso político. Um caldo deslavado de bons sentimentos e de moralismo mais ou menos bem intencionado. A Casa de Eulália provocou curiosidade, pois a acção passa-se em Espanha, durante a Guerra Civil, em que Cunhal participou não se sabe a fazer o quê. A estória é fraca e a versão da História oficialmente estalinista. Ou Álvaro Cunhal - que como ficcionista foi quase sempre autobiográfico - andou lá a fazer nada, ou não conta o que andou lá a fazer. Fronteiras, Um Risco na Areia, Sala 3 e Outros Contos, Os Corrécios e Outros Contos, Lutas e Vidas - Um Conto são já o retomar penoso de episódios incluídos nos dois primeiros títulos do autor, como se plagiasse a própria obra.

Em 1994, Cunhal declarou, em conferência de imprensa, que era Manuel Tiago, sob cujo pseudónimo assinara - e continuou a assinar - a sua obra romanesca. Toda a gente já sabia que Manuel Tiago era ele. Porquê denunciar este segredo de Polichinelo quando a sua ficção decrescia de qualidade? São ínvios os caminhos da autoria individual.

Álvaro Cunhal foi um homem cultíssimo. Desde a análise literária (defendeu na juventude o realismo socialista contra José Régio, sob o pseudónimo de António Vale - eis um pseudónimo que nunca assumiu - e publicou A Arte, o Artista e a Sociedade) até às artes plásticas (ilustrou o livro Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes, e estão editados os seus Desenhos da Prisão), passando pela investigação histórica (As Lutas de Classes em Portugal Nos Fins da Idade Média), tocou quase todas as teclas do piano.

A História foi-lhe madrasta. A História lá teria as suas razões. Ficará o melhor, a lucidez: "Assim começou Afonso a sua vida de funcionário do Partido. Receber malas e embrulhos. Separar imprensa. Fazer pacotes. Guardar malas. Enrolar guitas. Receber novos pacotes. Esperar comboios. Esperar camionetas. Fazer tempo em sítios descampados. Tomar o comboio. Receber embrulhos. Passar dias inteiros sem nada que fazer. Esfalfar-se outros dias numa dobadoira de madrugada a madrugada. Não dormir umas noites. Dormir depois dias inteiros. Sempre a mesma coisa, monótona, aborrecida, sem qualquer interesse."
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Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
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* Victor Nogueira .
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Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
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Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
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P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
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1991.08.11 - SETUBAL