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Carregado por JMoneyYourHoney em 14 de Nov de 2009
Ron Starr vs. a trio of tough guys in Peckinpah's seminal western.
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Os Pistoleiros da Noite
Actores: Randolph Scott, Joel McCrea, Elsa Knudsen, Ron Starr, Edgar Buchanan, R.G. Armstrong, Jenie Jackson, James Drury
Um antigo agente da lei é contratado para transportar um carregamento de ouro através de território perigoso.
O segundo filme do realizador Sam Peckinpah, na altura com “apenas” 36 anos, é um magnífico tributo ao género western, que na altura já se encontrava em fase descendente e é o filme que estabeleceu Peckinpah como um grande realizador. Esse tributo é ainda mais tangente quando se constata que tem a participação de dois grandes actores do género: Randolph Scott, actor reconhecido pelos seus papeis em westerns de Budd Boetticher e que aqui tem a sua última interpretação antes de morrer, e Joel McCrea. Os actores, ambos com mais de 60 anos de idade na altura, participaram juntos em centenas de westerns, sendo Os Pistoleiros da Noite, um excelente resumo e epilogo das suas carreiras.
Originalmente, Scott era para interpretar o papel de Steve Judd e McCrea o de Gil Westrum, mas ambos aperceberam-se que o filme resultaria melhor se trocassem de papéis e submeteram-na à aprovação do produtor Richard Lyons. Após ter concordado com a troca, Lyons partiu para a escolha do realizador e acabou por contratar Peckinpah. A participação deste estendeu-se para além da realização, tendo alterado o argumento original, em que Westrum morria no final, e acrescentou alguns diálogos, entre eles a famosa frase “All i want is to enter my house justified” (tudo o que eu quero é entrar em casa de consciência tranquila), que é atribuída ao pai do realizador. Peckinpah também foi o responsável pela escolha de Mariette Hartley para o interpretar o papel de Elsa, tendo supervisionado pessoalmente o seu guarda-roupa: Hartley comentou, em entrevista, que o realizador sempre gostara de peitos grandes e deu ordens ao responsável pelo guarda-roupa do filme para aumentar o seu peito; de tal forma que no final dos dias de filmagens, ela andava torta devido aos enchumaços.
Para o papel de Billy Hammond, o mineiro que se casa com Elsa, a escolha recaiu inicialmente em Robert Culp, mas este recusou por considerar que o papel prejudicaria a sua carreira. A sua recusa, de que viria a arrepender-se, magoou Peckinpah que nunca mais o voltou a convidar para participar nos seus filmes. James Drury seria o escolhido para interpretar o mineiro.
A banda sonora do filme, da responsabilidade de George Bassman, veterano compositor cuja carreira foi interrompida por ter sido incluído na lista negra de Hollywood, é melódica e nostálgica, completamente diferente da que é usualmente associada a Peckinpah. Grande parte das bandas sonoras dos filmes do realizador foram feitas por um dos seus habituais colaboradores, Jerry Fielding, que só se viriam a conhecer anos mais tarde.
Os Pistoleiros da Noite teve um orçamento de $813 mil dólares e demorou 26 dias a ser rodado. Trabalhando pela primeira vez ao lado do director de fotografia Lucien Ballard e utilizando o sistema CinemaScope, Peckinpah tira o máximo proveito dos exteriores do filme: numa primeira instância a belíssima paisagem do Lago Mammoth, na Califórnia, e posteriormente os estúdios da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), utilizados como recurso devido a uma fortíssima tempestade de neve que obrigou a equipa a abandonar o lago. A tempestade foi um problema menor para Peckinpah: Joseph R. Vogel, que entretanto substituíra Sol Siegel como chefe-executivo da MGM, deixou-se dormir durante o visionamento do filme e declarou, posteriormente, que Os Pistoleiros da Noite era o pior filme que alguma vez tinha visto, reduzindo as hipóteses do filme em conseguir uma distribuição condicente.
Muito embora a sua fraca distribuição (devido ao incidente com Vogel, o filme foi “reduzido” à condição de série B), Os Pistoleiros da Noite conseguiu atrair a atenção dos críticos e aos poucos foi ganhando o seu espaço. Hoje em dia, o filme é considerado um dos melhores do realizador, que se explica pelo facto de Peckinpah estar sóbrio na altura, que, posteriormente, se tornado uma figura controversa e agressiva devido ao seu problema com o álcool. Mas é já possível ver aqui as bases do cinema de Peckinpah, em especial a violência, e Os Pistoleiros da Noite é uma magnifica história de redenção e solidão.
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http://www.chambel.net/?p=154
O Dia da Fúria
PISTOLEIROS DO ENTARDECER
(Ride the High Country, 1962),
Sam Peckinpah
por Davi de Oliveira Pinheiro
Como uma estrutura tão incomum de trama tornou-se tão grande sucesso de público? Primeira grande vitória de uma filmografia experimental e pouco ligada ao momento do cinema, os filmes de Sam Peckinpah, Pistoleiros do Entardecer foi realizado numa época em que recém o cinema europeu encontrava a linguagem moderna. O cinema do diretor americano parece ser o primeiro a absorver as características de uma gramática renovada, construída sobre o clássico, mas com uma nova maneira de articular a imagem, o som e a montagem de ambos.
Mesmo que use o ritmo do faroeste americano tradicional, é uma trama de reminiscências e sem o luxo da ação. Trata de dois pistoleiros veteranos que se reencontram para um serviço um tanto quanto ortodoxo, ao invés da tradicional (“a última grande jogada”) e parece que o argumento permite ao realizador e seus atores se deliciarem com os resultados da maturação mental e a decadência física que a idade traz. É um filme sobre a memória, onde o caminho que os pistoleiros seguem é apenas o desenho de um espaço físico ao qual vão retornar, enquanto à frente encontra-se apenas a possibilidade de lembrar o passado e julgar o caráter de um novo pistoleiro, que ao contrário deles, dois homens do velho oeste, inclui em sua personalidade a dureza do oeste selvagem e a modernidade do século XX.
O novo pistoleiro é a personagem que traz o equilíbrio ao filme; é a única que possui um arco narrativo tradicional. O arco dos dois teóricos protagonistas é praticamente estático, inativo; é um diálogo de ações passadas. São personagens cuja moral e inteligência é estabelecida pela história pregressa, enquanto o jovem pistoleiro está em formação e seu caráter questionável é moldado pelo convívio com os veteranos e se demonstra um tanto quanto presente ao final do filme.
Peckinpah cria uma trama popular a partir de elementos pouquíssimos comuns e cria a emoção a partir de uma noção de amizade nunca explicitada de forma clara, sempre através da reminiscência. A amizade profunda e moldada em décadas é o ponto chave da trama. É o que estabelece suas adversidades e as recompensas emocionais.
É talvez, ao lado de Ajuste Final, dos Irmãos Coen, um dos grandes filmes sobre caráter e a construção do mesmo como uma conseqüência de ações, não apenas uma idéia etérea que cada um define por si. Existe o certo, errado e o terreno cinzento entre ambos, e fazer o certo é fácil, porém custoso. Muitas pessoas esquecem disso por algum tempo, às vezes por uma vida, mas sempre existe tempo para se redimir.
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