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paulomfcunha | 6 de Abril de 2009 | 1 utilizadores que gostaram deste vídeo, 0 utilizadores que não gostaram deste vídeo
Depoimento de António de Macedo e excertos do filme Domingo à Tarde, de António de Macedo, 1966.
Excerto do documentário Novo Cinema - Cinema Novo,
da série História do Cinema Português, 1998, prod. Acetato Filmes.
Mais informações em http://ncinport.wordpress.com/
Excerto do documentário Novo Cinema - Cinema Novo,
da série História do Cinema Português, 1998, prod. Acetato Filmes.
Mais informações em http://ncinport.wordpress.com/
Domingo à Tarde
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Domingo à Tarde | |
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Portugal 1966 • pb • 90 min • M/12 | |
Produção | |
Realização | António de Macedo |
Argumento | António de Macedo |
Elenco original | Isabel de Castro Ruy de Carvalho Isabel Ruth Alexandre Pessoa Constança Navarro Júlio Cleto Miguel Franco |
Género | drama, romance |
Idioma original | português |
Lançamento | 13 de Abril de 1966 |
IMDb: (inglês) (português) | |
Projeto Cinema • Portal Cinema |
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Domingo à Tarde (1966) é um filme português de António de Macedo, a sua primeira longa metragem de ficção e a quarta do movimento do Novo Cinema.
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Macedo, em contra-corrente, recusaria no entanto certos ditames estéticos dos vanguardistas franceses, negando o proclamado valor de Godard.
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A desenvoltura narrativa deste seu filme, de inspiração vanguardista mas sobretudo imbuído de filosofia germânico-nórdica (Husserl, Heidegger, Kierkegaard), e as soluções formais nele exploradas tornariam entretanto mais transparente o tema que adopta: o romance homónimo do escritor Fernando Namora, da escola neo-realista portuguesa, transfigurado no filme através de uma visão metafísico-existencial dos temas da angústia, da morte e do destino último do homem.
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Macedo teve confrontos sérios com os Serviços de Censura para poder estrear o filme. A estreia foi em Lisboa, no cinema Império, a 13 de Abril de 1966.
Índice. |
Ficha sumária
- Obra Original: Fernando Namora
- Adaptação: António de Macedo
- Realização: António de Macedo
- Produção: António da Cunha Telles
- Rodagem: Setembro a Novembro de 1964
- Actores principais: Isabel de Castro, Ruy de Carvalho, Isabel Ruth
- Formato: 35 mm
- Género: ficção (drama)
- Duração: 97'
- Distribuição: Imperial Filmes
- Estreia: Cinema Império, em Lisboa, a 13 de Abril de 1966.
Sinopse
«Jorge dirige o departamento de Hematologia de um hospital. Um dia, chega Clarisse, que sofre de leucemia em estado avançado. Apaixona-se, e Jorge procura, pela primeira vez, salvar um doente. Clarisse morre, apesar de todos os esforços de Jorge que, cada vez mais desencantado, prossegue os seus trabalhos, com experiências de rotina, que sabe serem inúteis». Cit.: José de Matos-Cruz, em Cais do Olhar, ed. da Cinemateca Portuguesa, 1999.
Ficha artística
- Isabel de Castro (Clarisse)
- Ruy de Carvalho (Jorge)
- Isabel Ruth (Lúcia)
- Alexandre Pessoa (preso)
- Constança Navarro (velha do poço)
- Júlio Cleto (preso)
- Miguel Franco (médico)
- Cremilde Gil (enfermeira)
- Fernanda Borsatti (Maria Armanda)
- Serge Farkas (impostor)
- Frederico Berna (padre)
- Zita Duarte
- Rui de Matos
- Grece de Castro
- Osvaldo Medeiros
- Edith Sarah
- Esmeralda Farkas
- Fernanda de Figueiredo
- Judite Dorsini
- Manuela Bonito
- Matos Ideias
Ficha técnica
- Argumento: romance de Fernando Namora
- Adapatação: António de Macedo
- Realizador: António de Macedo
- Assistente de realização: José Carlos de Andrade e Zeni d’Ovar
- Produção: António da Cunha Telles
- Rodagem: Setembro a Novembro de 1964
- Anotadora: Teresa Olga
- Adereços: Zeni d’Ovar
- Caracterização: Manuel Fernandes
- Director de fotografia: Elso Roque
- Assistente de imagem: Acácio de Almeida
- Iluminação: Jorge Pardal
- Director de som: João Diogo
- Operador de som: José de Carvalho
- Música: Quinteto Académico
- Sonoplastia: António de Macedo e Hugo Ribeiro
- Montagem: António de Macedo
- Laboratório de imagem: Ulyssea Filme
- Laboratório de som: Valentim de Carvalho
- Formato: 35 mm
- Género: ficção (drama)
- Distribuição: Imperial Filmes
- Estreia: Cinema Império, em Lisboa, a 13 de Abril de 1966.
Festivais
- Festival de Veneza 1965 (Itália) - Diploma di Merito
- Festival de Cinema do Rio de Janeiro 1965 (Brasil)
- Prémio da Casa de Imprensa em 1966
- Prémios Plateia 1966 - Melhor Realizador, Melhor Actor (Ruy de Carvalho), Melhor Actriz (Isabel de Castro - 1966)
Ver também
Ligações externas
- Domingo à Tarde em Amor de Pedrição (base de dados)
Categorias: Filmes de Portugal | Filmes de 1966 | Filmes de António de Macedo | Filmes em língua portuguesa | Filmes de romance | Filmes em preto e branco
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Fernando Namora, através do romance Domingo à Tarde, aborda os sentimentos mais íntimos dos seres humanos. Suas personagens são a encarnação de sentimentos como: dor, esperança, desesperança e angústia. Durante a narrativa percebe-se o jogo psicológico que o médico Jorge trava com seus pacientes, um jogo cruel que incomoda o leitor durante toda primeira parte do romance. Por outro lado, as mazelas dos pacientes nos trazem, também, a solidariedade, ou seja, a um só tempo, nos tornamos confessor e carrasco do médico Jorge.
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Percebemos que a acidez do médico, em seus atos e palavras, deriva de um modelo psicopatológico do ser insociável, que Freud definiu em seu livro, Psicopatologia da Vida Cotidiana.
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Jorge usa a ironia, o desdém e, principalmente, o afastamento como uma blindagem para não demonstrar seus sentimentos. Segundo a teoria freudiana, Jorge seria caracterizado por uma mistura de dois tipos: o “Oral Sadístco” e o “Anal Sadístco”. Estes tipos têm como características não esperar que alguém lhe dê voluntariamente qualquer coisa; decide-se a empregar a astúcia para conseguir o que deseja, normalmente é um explorador dos sentimentos alheios e é algumas vezes agressivo. Age impulsivamente, sua segurança reside no isolamento; estes tipos são muitas vezes metódicos e obstinados. Uma das passagens do livro corrobora com esta afirmação: “A minha insociabilidade seria, pois, uma estratégia…”. Logo em seguida, em outra passagem, Jorge diz: “Ficavam-me os pobres, submissos e aterrados, os que pressentiam o desfecho como um castigo misterioso, telúrico, de que não se podia fugir, e me procuravam quase sempre apenas para ouvir uma palavra de conforto que em toda a parte lhes era negada…”.
Em Ion e Hípias Menor, Platão usa uma personagem sofista, detentor de grande conhecimento, para falar sobre a mentira e a persuasão, ao desenrolar das idéias, Sócrates –personagem da história, utiliza o conhecimento e as palavras das pessoas para convencê-lás do contrário, ou seja, demonstra através de seu conhecimento que elas estavam erradas sobre aquilo que julgavam ter pleno conhecimento. Além disso, denota a seguinte questão: a consciência da própria ignorância é o caminho para a sabedoria. Consecutivamente a mentira é assim uma pequena parte da verdade, isto é, aquele que mente tem consciência e conhecimento da verdade, mas muitas vezes as nega.
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Jorge usa seus conhecimentos médicos e sua óptica da vida para persuadir seus pacientes e assim acaba por tratar a mentira de maneira lacônica: “Mentiras era o que me pediam, sempre mentiras, logros mendigados de mão estendida”.
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A personagem de Jorge deixa de se preocupar com meras conjecturas da sociedade, mas este fato se dá após a morte de Clarisse, como se não houvesse mais razão para preocupações frívolas.
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Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o defunto-autor, também deixa de lado preocupações pequenas e com isso passa a falar sobre si, ainda que os comentários fossem denunciá-lo como alguém que teve uma vida fútil e nula, mas isso não o preocupava mais, pois já estava morto.
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No caso de Jorge não foi sua morte que o fez contar sua história (ou a história de Clarisse) aos leitores de maneira crua, mas a morte de quem amava. Com isso ele não mede as palavras nem sobre si nem sobre as demais personagens: “Mas agora que já comecei e me é urgente pôr cá para fora uns entulhos para melhor os clarificar e esquecer, terei de ir por diante. Não volto a pedir-vos desculpas de ser tão desastrado nestas evocações”. O amor-dependente de Clarisse o salvou da inércia e mostrou que as trivialidades da vida não são apenas monótonas, mas também necessárias.
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Como em algumas obras machadianas, Domingo à Tarde mostra mulheres fortes, e mostra o fascínio do homem por estas mulheres.
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Durante o romance, percebe-se que Jorge que menospreza de início todos aqueles que o rodeiam, passa a interessar-se e admirar as atitudes de Lúcia e posteriormente de Clarisse. É claro que essas personagens conquistaram este respeito de maneira lenta, não obstante de maneira sólida.
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Por fim, percebemos que a Jorge é um destes tipos que encontramos aos montes, que justificam suas atitudes por conta do meio em que vivem. Seguem este caminho até que um agente modificador (amor, morte, vida) esbarre em seu caminho mudando o curso normal de sua vida.
Fernando Gonçalves Namora nasceu em 1919 e faleceu em 1989. Foi um escritor português natural de Condeixa-a-Nova. Na Universidade de Coimbra, licenciou-se em Medicina, que exerceu na sua terra natal e nas regiões da Beira Baixa e Alentejo. Escreveu, romances, contos, poesia, memórias de viagem e crítica. (Aqui teríamos - de acordo com o lugar comum, uma foto do Fernando Namora, mas ele é muito feio, fiquemos apenas com a obra)
Referências:
FREUD, Sigmund. Psicopatologia da Vida Cotidiana. Volume 6. Rio de Janeiro: Editora Imago. 1996.
ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 5ª edição. São Paulo: Editora Cultrix. 1967.
Namora, Fernando. Domingo à tarde. Portugal: Editora Europa-América. 1989
Platão. Íon e Hípias Menor. Floresta: Editora L&PM Pocket.1996
Publicado em http://movimentoculturalgaia.wordpress.com/2009/07/26/a-optica-psicologica-e-filosofica-em-domingo-a-tarde/
Gaia Cultural
"Creio que uma forma de felicidade é a leitura" – Jorge Luis Borges
Freud, Platão e Machado de Assis explicam a psicopatologia de Jorge.
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Percebemos que a acidez do médico, em seus atos e palavras, deriva de um modelo psicopatológico do ser insociável, que Freud definiu em seu livro, Psicopatologia da Vida Cotidiana.
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Jorge usa a ironia, o desdém e, principalmente, o afastamento como uma blindagem para não demonstrar seus sentimentos. Segundo a teoria freudiana, Jorge seria caracterizado por uma mistura de dois tipos: o “Oral Sadístco” e o “Anal Sadístco”. Estes tipos têm como características não esperar que alguém lhe dê voluntariamente qualquer coisa; decide-se a empregar a astúcia para conseguir o que deseja, normalmente é um explorador dos sentimentos alheios e é algumas vezes agressivo. Age impulsivamente, sua segurança reside no isolamento; estes tipos são muitas vezes metódicos e obstinados. Uma das passagens do livro corrobora com esta afirmação: “A minha insociabilidade seria, pois, uma estratégia…”. Logo em seguida, em outra passagem, Jorge diz: “Ficavam-me os pobres, submissos e aterrados, os que pressentiam o desfecho como um castigo misterioso, telúrico, de que não se podia fugir, e me procuravam quase sempre apenas para ouvir uma palavra de conforto que em toda a parte lhes era negada…”.
Em Ion e Hípias Menor, Platão usa uma personagem sofista, detentor de grande conhecimento, para falar sobre a mentira e a persuasão, ao desenrolar das idéias, Sócrates –personagem da história, utiliza o conhecimento e as palavras das pessoas para convencê-lás do contrário, ou seja, demonstra através de seu conhecimento que elas estavam erradas sobre aquilo que julgavam ter pleno conhecimento. Além disso, denota a seguinte questão: a consciência da própria ignorância é o caminho para a sabedoria. Consecutivamente a mentira é assim uma pequena parte da verdade, isto é, aquele que mente tem consciência e conhecimento da verdade, mas muitas vezes as nega.
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Jorge usa seus conhecimentos médicos e sua óptica da vida para persuadir seus pacientes e assim acaba por tratar a mentira de maneira lacônica: “Mentiras era o que me pediam, sempre mentiras, logros mendigados de mão estendida”.
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A personagem de Jorge deixa de se preocupar com meras conjecturas da sociedade, mas este fato se dá após a morte de Clarisse, como se não houvesse mais razão para preocupações frívolas.
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Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, o defunto-autor, também deixa de lado preocupações pequenas e com isso passa a falar sobre si, ainda que os comentários fossem denunciá-lo como alguém que teve uma vida fútil e nula, mas isso não o preocupava mais, pois já estava morto.
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No caso de Jorge não foi sua morte que o fez contar sua história (ou a história de Clarisse) aos leitores de maneira crua, mas a morte de quem amava. Com isso ele não mede as palavras nem sobre si nem sobre as demais personagens: “Mas agora que já comecei e me é urgente pôr cá para fora uns entulhos para melhor os clarificar e esquecer, terei de ir por diante. Não volto a pedir-vos desculpas de ser tão desastrado nestas evocações”. O amor-dependente de Clarisse o salvou da inércia e mostrou que as trivialidades da vida não são apenas monótonas, mas também necessárias.
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Como em algumas obras machadianas, Domingo à Tarde mostra mulheres fortes, e mostra o fascínio do homem por estas mulheres.
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Durante o romance, percebe-se que Jorge que menospreza de início todos aqueles que o rodeiam, passa a interessar-se e admirar as atitudes de Lúcia e posteriormente de Clarisse. É claro que essas personagens conquistaram este respeito de maneira lenta, não obstante de maneira sólida.
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Por fim, percebemos que a Jorge é um destes tipos que encontramos aos montes, que justificam suas atitudes por conta do meio em que vivem. Seguem este caminho até que um agente modificador (amor, morte, vida) esbarre em seu caminho mudando o curso normal de sua vida.
Fernando Gonçalves Namora nasceu em 1919 e faleceu em 1989. Foi um escritor português natural de Condeixa-a-Nova. Na Universidade de Coimbra, licenciou-se em Medicina, que exerceu na sua terra natal e nas regiões da Beira Baixa e Alentejo. Escreveu, romances, contos, poesia, memórias de viagem e crítica. (Aqui teríamos - de acordo com o lugar comum, uma foto do Fernando Namora, mas ele é muito feio, fiquemos apenas com a obra)
(Denis Silva)
Referências:
FREUD, Sigmund. Psicopatologia da Vida Cotidiana. Volume 6. Rio de Janeiro: Editora Imago. 1996.
ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. 5ª edição. São Paulo: Editora Cultrix. 1967.
Namora, Fernando. Domingo à tarde. Portugal: Editora Europa-América. 1989
Platão. Íon e Hípias Menor. Floresta: Editora L&PM Pocket.1996
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