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# Outubro: Cultivo dos campos. Ao fundo o Louvre.
. # Novembro: Um servo alimenta os porcos.
# Dezembro: A caça de um javali. Ao fundo o Château de Vincennes.
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O pensamento é escravo da vida, e a vida é o bobo do tempo(Shakespeare)-Tudo se destrói, tudo perece, tudo passa; só o mundo é que fica. Só o tempo é que dura(Diderot)-Suprimir a distância é aumentar a duração do tempo.A partir de agora, não viveremos mais;viveremos apenas mais depressa(A.Dumas)- Todos os dias vão em direcção à morte, o último chega a ela (Montaigne)-Não há poder maior no mundo que o do tempo: tudo sujeita, tudo muda, tudo acaba (Pe.A.Vieira)

"É preciso aprender a viver. Eu pratico todo dia. Meu maior obstáculo é não saber quem sou. Se alguém me ama como eu sou, posso finalmente ter a coragem de olhar para mim mesma. Essa possibilidade é pouco viável.".
No ser humano existe tudo, do mais elevado até o mais baixo.
O homem é a imagem de DEUS e DEUS existe em tudo..
E assim o ser humano foi criado, mas também os demônios, os santos, os profetas, os artistas e os iconoclastas. Tudo existe lado a lado. É como se fossem desenhos gigantes mudando o tempo inteiro. Da mesma maneira, devem existir inúmeras realidades..
Não apenas a realidade que percebemos com nossas obtusas sensibilidades, mas um tumulto de realidades arqueando-se uma em cima da outra, por dentro e por fora..
É só o medo e o puritanismo que nos leva a acreditar em limites. Não existem limites, nem para pensamentos nem sentimentos. A ansiedade é que estabelece limites. Quando se toca o movimento vagaroso...
TEATRO 2 A 25 NOV SONATA DE OUTONOde INGMAR BERGMAN SALA PRINCIPAL M/16 Quarta a Sábado às 21h00; Domingo às 17h30 SinopseSESSÃO COM INTERPRETAÇÃO EM LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA 18 NOV Domingo às 17h30 . O instinto maternal é uma mentira ou Sonata de Outono. Mãe e filha encontram-se depois de sete anos de separação. A mãe, Charlotte, é uma pianista mundialmente famosa, já sexagenária e ainda no auge da sua carreira. Uma mulher capaz de interpretar as mais delicadas composições de Chopin ou Beethoven, mas sempre incompetente ao tentar interpretar a própria filha, Eva. A Eva nenhuma palavra ou gesto lhe passou despercebida ao longo da sua vida, especialmente se estas palavras e gestos vieram da mãe. Considera-se “filha de uma mãe que nunca fica frustrada, decepcionada ou infeliz”, definição que, mesmo irónica, a marcou para sempre, uma vez que Charlotte lhe impôs doses equivocadas de felicidade e segurança. Casada com Viktor, um pastor protestante passivo e observador, ela vê o marido como um amigo, sendo, como é, incapaz de acreditar no amor. Helena, a irmã mais nova, sofre de uma doença degenerativa, o que afastou sempre de si a mãe. Neste regresso, Charlotte é obrigada a confrontar-se com o facto de as duas irmãs viverem juntas. Bergman destrói a convenção das relações afectuosas entre mães e filhas. A dor é a personagem central deste huis-clos que nos sufoca pela sua dureza. . FICHA ARTÍSTICA Co-produção: SLTM ~ Escola de Mulheres-Oficina de TeatroTexto Ingmar Bergman Tradução Fernanda Lapa e Jonas Omberg Encenação Fernanda Lapa e Cucha Carvalheiro Cenografia e Figurinos António Lagarto Desenho de Luz Mário Bessa Selecção Musical Nuno Vieira de Almeida Elocução Luis Madureira Assistência de Figurinos Catarina Varatojo Assistência de Cenografia Pedro MiraInterpretação Fernanda Lapa, Ana Bustorff, Virgílio Castelo e Marta Lapa | ||
| Carlos do Carmo | ||
Estrela da tarde - Letra | ||
| Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia Meu amor, meu amor Minha estrela da tarde Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde Meu amor, meu amor Eu não tenho a certeza Se tu és a alegria ou se és a tristeza Meu amor, meu amor Eu não tenho a certeza Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto! |
Ao analisarmos os contos do livro “O Fogo e as Cinzas” (19ª edição - Caminho - 1992), vamos encontrar semelhanças com os “Contos da Montanha” de Miguel Torga. Tal qual Torga, estes contos foram escritos durante o Estado Novo, tendo sido publicados pela primeira vez em 1951. Para compreendermos melhor a época, os contos estão situados numa Europa pós-guerra, onde os primeiros anos da guerra fria e da afirmação nuclear são os principais problemas. Enquanto assistimos ao enterro dos nacionalismos extremados, o Nazismo na Alemanha e o Fascismo na Itália, a Península Ibérica vive sob as ditaduras de Franco em Espanha e de Salazar em Portugal. É na ditadura de Salazar, voltada para as colônias africanas, numa política totalmente isolada do resto da Europa, fechada às mudanças intelectuais do mundo, que surge os contos aqui analisados. Neles vamos sentindo uma desolação das personagens que pouco a pouco. vêem surgir lentamente um progresso nas vilas e nas aldeias. Com este progresso acontece a perda de certos costumes, o eterno olhar saudosista do português sobre o que evoluí e o que se perde com tal evolução.
submergirem da paisagem agreste, as personagens de Manuel da Fonseca vêm em primeiro plano. O traço psicológico é evidenciado a cada parágrafo, as transformações do ambiente e do cenário vão sendo analisados por determinada personagem, que psicologicamente acompanha as mudanças do ambiente e, por fim, a mudança de atitudes, ou seja, elas evoluem mediante o exterior:
Ao analisarmos os contos de “Tempo de Solidão” (3ª edição - Caminho -1985), vamos encontrar um Manuel da Fonseca totalmente urbano, perdido no progresso rápido da tecnologia, inserido no dia a dia da cidade e nas latitudes suburbanas ao redor dos grandes centros. Devemos analisar com a visão da mudança dos tempos, pois o conto “Tempo de Solidão” foi editado pela primeira vez em 1969, pelos Estúdios Cor. Nele vamos encontrar a solidão de um casal, separado pelo dia a dia, pelo trabalho na cidade. Os despojos do dia, os acessórios do cotidiano, a casa no subúrbio, a creche do filho, o telefone, a secretária, os escritórios; enfim, um mundo de transição entre o fim do regime salazarista e das mudanças contidas pré-1974. Nota-se perfeitamente o azedume de não ver nada além do marasmo, a tristeza de viver um tempo de estio. As personagens são tomadas por uma desolação do quotidiano, por um saudosismo dos tempos dos cafés do interior, da vida sem o metropolitano, da cidade sem o campo. Silvia e Guilherme temem o dia a dia, a opressão da nova vida urbana que vivem, o estar juntos, mas distanciados pela correria dos dias. Trabalhos separados, camas juntas, o encontro no fim da noite, os desejos do dia a dia. Desejos voyeuristas e dissimulados. A vontade de quebrar com o estabelecido, de fugir da rotina, o massacre das obrigações, as culpas do silêncio de cada um, por fim os corpos que se desejam no fim da noite, fazendo do momento de prazer a fuga de tudo:
Apesar de querer estar em determinada posição social, é claramente repelido pelos outros, quando ele próprio repele àqueles que não pensam como ele ou, não sobem nas esferas sociais. Melancolicamente descobre que a sua ascensão é uma farsa, que apesar das mudanças, continua a admirar o amigo que mais pensa desprezar, e despreza a si próprio:
Manuel Lopes Fonseca, escritor do neo-realismo português, nasceu em 15 de outubro de 1911, em Santiago do Cacém, região do Alentejo.