Tempo em Setúbal

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Paisagens de Inverno - Camilo Pessanha


Camilo Pessanha (postcard, 1915)

Poema

I

Ó meu coração, torna para trás.
Onde vais a correr, desatinado?
Meus olhos incendidos que o pecado
Queimou! o sol! Volvei, noites de paz.
Vergam da neve os olmos dos caminhos.
A cinza arrefeceu sobre o brasido.
Noites da serra, o casebre transido...
Ó meus olhos, cismai como os velhinhos.
Extintas primaveras evocai-as:
_ Já vai florir o pomar das maceiras.
Hemos de enfeitar os chapéus de maias._
Sossegai, esfriai, olhos febris.
_ E hemos de ir cantar nas derradeiras
Ladainhas...Doces vozes senis..._

II

Passou o outono já, já torna o frio...
_ Outono de seu riso magoado.
llgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...
_ O sol, e as águas límpidas do rio.
Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?
Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...
Onde ides a correr, melancolias?
_ E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

Data: 2008/09/09 01:03
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http://citador.pt/poemas.php?op=10&refid=200809120208
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Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
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* Victor Nogueira .
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Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
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Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
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P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
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1991.08.11 - SETUBAL