Tempo em Setúbal

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Inverno do Nosso Descontentamento - John Steinbeck

Livros na Minha Cabeceira
“O Inverno do Nosso Descontentamento” foi o último romance de Steinbeck, um grande escritor americano, laureado com o Prémio Nobel e com o Pullitzer, publicado antes da sua morte.
“Em O Inverno do Nosso Descontentamento são colocados no primeiro plano os temas sociais que conferiram às obras de Steinbeck o pleno interesse com que o público as absorve. O núcleo deste romance é o dinheiro, a hipocrisia e os falsos valores, a crítica serena mas implacável às engrenagens de toda a sociedade que mutile o homem no que ele tem de autêntico”
A obra centra-se na personagem Ethan Allen Hawley, descendente dos fundadores da cidade New Baytown, capitães e pescadores de baleias, que deles apenas herda o apelido e a casa onde sempre viveu pois o pouco que o pai não perdeu, algumas terras, casas e uma mercearia e frutaria onde agora trabalha, Ethan não conseguiu salvar numa altura de plena crise, saído do exército e sem qualquer experiência comercial.
Em Perlock Street, rua próxima da casa de Ethan, localizam-se os mais belos edifícios de toda a cidade, construídos com ideias e objectos vindos das viagens dos navios baleeiros à China e também com influências gregas que os arquitectos contratados pelas famílias mais ricas traziam consigo. Para além desta riqueza cultural, tinham uma curiosa característica, o “passeio das viúvas” construído sobre os telhados das casas, de onde as mulheres avistavam o regresso dos navios.
Perlock Street é também a rua que leva Ethan até ao Porto Velho, onde é situado o seu “lugar” que Ethan acredita que toda a gente precise de ter para reflectir e lembrar.
Como é comum nas obras de Steinbeck, existe uma reflexão sobre vários temas, neste caso, a moral, os princípios, a honestidade e integridade.
Ethan é casado com Mary com quem tem dois filhos adolescentes, Allen e Mary Ellen. Ao contrário de Ethan, a sua família vive infeliz com a condição social em que se encontram e até ressentidos com Ethan por ele ser descendente de uma família rica e não se esforçar para recuperar o dinheiro que tinham ou pelo menos parte dele. Ethan sente-se, por isso, pressionado e, ao mesmo tempo, é constantemente posto à prova até que acaba por pôr em causa os seus próprios valores, se realmente importam ou se está apenas a ser preguiçoso quando não segue caminhos duvidosos para seu próprio proveito, como todos à sua volta o fazem.
Resta saber como Ethan reagirá a todas as pressões a que é sujeito…
Gostei bastante desta leitura mas “As Vinhas da Ira” continuam a ser o meu livro preferido deste escritor. Em “O Inverno do Nosso Descontentamento” senti, por vezes, mudanças de ritmo abruptas devido a um excesso de reflexão em alguns capítulos e pouca acção. Mas, depois de alguma persistência, compensou. Neste romance, existem poucas personagens e todas elas acabam por tomar um papel importante na história em determinada altura. Houve uma que, na minha opinião, se destacou por ser tão diferente de todas as outras, Margie Young-Hunt, melhor amiga de Mary, que lê cartas e que se deita com alguns moradores da cidade. Os filhos de Ethan acabam, também, por ter um importante papel no desenrolar da história, representando princípios opostos, e de uma forma bastante inesperada!

Curiosidade: O título desta obra refere-se a uma frase de “Richard III” de Shakespeare:
“Now is the winter of our discontent made glorious summer by this son of York
Na obra, a certa altura, Ethan usa o trocadilho son/sun.
 

Sem comentários:

Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
.

* Victor Nogueira .
.
Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
.
Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
.
P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
.
1991.08.11 - SETUBAL