sábado, 1 de Maio de 2010
No 1º de Maio
Primavera
(Em Maio o poema deve dizer:)
Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encantoNunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu.
(José Afonso)
(Neste Maio, neste 1º de Maio, mais me ocorre um poema destes:)
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vilezaTempo de negação
Tempo de covardia e tempo de ira
Tempo de mascarada e de mentira
Tempo de escravidão
Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça
(Sophia de Mello Breyner Andersen)
Sem comentários:
Enviar um comentário