Tempo em Setúbal

domingo, 8 de junho de 2008

Na encruzilhada dos 4 Caminhos, enquanto não se vira de agulha


Quarta-feira, Setembro 20, 2006



EUGÉNIO DE ANDRADE - Três poemas

SERÃO PALAVRAS SÓ

Diremos prado bosque
primavera,
e tudo o que dissermos
é só para dizermos
que fomos jovens.

Diremos mãe amor
um barco
e só diremos
que nada há
para levar ao coração.

Diremos terra ou mar
ou madressilva,
mas sem música no sangue
serão palavras só,
e só palavras, o que diremos.

(Eugénio de Andrade)

Lisboa ...

Alguém diz com lentidão:
"Lisboa, sabes ..."
Eu sei. É uma rapariga
descalça e leve,
um vento súbito e claro
nos cabelos,
algumas rugas finas
a espreitar-lhe os olhos,
a solidão aberta
nos lábios e nos dedos,
descendo degraus
e degraus
e degraus até ao rio.

Eu sei. E tu sabias?

(Eugénio de Andrade)


34. Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos como animais envelhecidos;
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor
vamos caindo ao chão apodrecidos.

(Eugénio de Andrade)
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Sem comentários:

Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
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* Victor Nogueira .
.
Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
.
Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
.
P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
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1991.08.11 - SETUBAL