O pensamento é escravo da vida, e a vida é o bobo do tempo(Shakespeare)-Tudo se destrói, tudo perece, tudo passa; só o mundo é que fica. Só o tempo é que dura(Diderot)-Suprimir a distância é aumentar a duração do tempo.A partir de agora, não viveremos mais;viveremos apenas mais depressa(A.Dumas)- Todos os dias vão em direcção à morte, o último chega a ela (Montaigne)-Não há poder maior no mundo que o do tempo: tudo sujeita, tudo muda, tudo acaba (Pe.A.Vieira)
Tempo em Setúbal
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
Toni de Matos - Vendaval
Pedro Marques
O vendaval passou, nada mais resta
A nau do meu amor tem outro rumo
Igual a tudo aquilo que não presta
O amor que me prendeu desfez-se em fumo
Navego agora em mar de calmaria
Ao sabor da maré em verdes águas
Ao leme, o esquecimento e a alegria
Vai deixando para trás as minha mágoas
P’ra onde vou, não sei
O que farei, sei lá
Só sei que me encontrei e que eu sou eu, enfim
E sei que ninguém mais rirá de mim
Junto da cais ficou a tua imagem
Mal a distingo, já desmaecida
Comigo a alegrar-me a viagem
Vão andorinhas de paz, de nova vida
Sigo tranquilo o rumo da esperança
Buscando aquela paz apetecida
Para ti um fui um lago de bonança
E tu o vendaval na minha vida
Etiquetas:
Audição Musical,
Poema,
Tempo de Música,
Toni de Matos,
Vídeo
domingo, 11 de novembro de 2012
Amália - Fria Claridade
Américo Pereira·
Amália Rodrigues - Fria Claridade
No meio da claridade,
Daquele tão triste dia,
Grande, grande era a cidade,
E ninguém me conhecia!
Então passaram por mim
Dois olhos lindos, depois,
Julguei sonhar, vendo enfim,
Dois olhos, como há só dois?
Dois olhos lindos, depois,
Julguei sonhar, vendo enfim,
Dois olhos, como há só dois?
Em todos os meus sentidos,
Tive presságios de Deus.
E aqueles olhos tão lindos
Afastaram-se dos meus!
Tive presságios de Deus.
E aqueles olhos tão lindos
Afastaram-se dos meus!
Acordei, a claridade
Fez-se maior e mais fria.
Grande, grande era a cidade,
E ninguém me conhecia!
Fez-se maior e mais fria.
Grande, grande era a cidade,
E ninguém me conhecia!
Etiquetas:
:Audição Musical,
Amália Rodrigues,
Audição Musical,
Poema,
Tempo de Música,
Vídeo
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
O QUE RESTA DO DIA de Judith Herzberg
o café dos loucos
Judith Herzberg
CAIXAS
Porque durante a guerra nos falavam sempre
de antes da guerra, de como eram
ingénuos, tenho agora o máximo cuidado,
ao deitar qualquer coisa fora, por exemplo,
uma caixa de papelão, peço a Deus
para que a caixa não volte nunca
a assaltar-me em forma de remorso;
lembras-te ainda como nós, despreocupados,
deitávamos fora caixas sem pensar!
Se tivéssemos guardado pelo menos uma,
se tivéssemos guardado pelo menos uma!
Judith Herzberg, in "o que resta do dia" cavalo de ferro, 2007
Judith Herzberg nasceu em 1934 em Amesterdão. É uma das vozes mais representativas da poesia contemporânea europeia, contando com inúmeros prémios e traduções em vários idiomas.
A vasta obra poética de Judith Herzberg é composta por títulos como: «Zeepost» (1963); «Beemdgras» (1968); «Vliegen» (1970); «Strijkliicht» (1971); «27 Liedesliedjes» (1971); «Botshol» (1981); «Dagrest» (1984), «Dat Engels geen au heef» (1985), «Zoals» (1992); «Doen en laten» (1994); «Wat zij wilde schilderen» (1996); «Bijvangst» (1999); «Staalkaart» (2000); «Weet je wat ik ooj nooit wet» (2003); «Soms vaak» (2004); «Zijtak» (2007).
Judith Herzberg tem também desde os anos 70 vindo a publicar peças de teatro, ensaios, argumentos cinematográficos, peças para a televisão e muitas traduções. Em Portugal, os Artistas Unidos foram responsáveis pela publicação de três das suas peças de teatro: «Os Casamentos de Lea», «A Fábrica de Nada», «Talvez Viajar».
A vasta obra poética de Judith Herzberg é composta por títulos como: «Zeepost» (1963); «Beemdgras» (1968); «Vliegen» (1970); «Strijkliicht» (1971); «27 Liedesliedjes» (1971); «Botshol» (1981); «Dagrest» (1984), «Dat Engels geen au heef» (1985), «Zoals» (1992); «Doen en laten» (1994); «Wat zij wilde schilderen» (1996); «Bijvangst» (1999); «Staalkaart» (2000); «Weet je wat ik ooj nooit wet» (2003); «Soms vaak» (2004); «Zijtak» (2007).
Judith Herzberg tem também desde os anos 70 vindo a publicar peças de teatro, ensaios, argumentos cinematográficos, peças para a televisão e muitas traduções. Em Portugal, os Artistas Unidos foram responsáveis pela publicação de três das suas peças de teatro: «Os Casamentos de Lea», «A Fábrica de Nada», «Talvez Viajar».
Enterrado
As agulhas do calor e do ódio
espetadas na minha roupa emprestada
quando um dia de Verão temos de entregá-lo
por baixo de árvores experientes,
os açougueiros embuçados de negro
torsos embalsamados, costas recurvadas,
que páram o cortejo
com um último
passo rotineiro
enquanto os cangalheiros – oito longas patas
de aranha com ele,
o coração morto,
seguem colina acima, rangendo com os pés
no saibro
exactos, solenes, impassíveis.
E nós ali de pé, meio desamparados,
com a esperança em fuga desenfreada
e uma pressa incompreensível;
os últimos dez minutos
antes de uma amputação.
Entre eras glaciares
Cada um de nós tem a sua força de gravidade,
cada um de nós obrigado a desabar de
pensamentos,
assim noto como é estranho
um avião projecta sombra
reluzindo por um átimo ao sol
e nós deitados na relva
entre margaridas
a tapar os ouvidos por causa do barulho
e continuar depois a conversar como se o Agora
não fosse o último momento de uma fase.
Uma tarde para recordar, um ano para recordar.
a relva firme e viçosa, o sol escaldante
(a calote de gelo da Groenlândia ainda não
derretida,
nós ainda não arrastados pelas águas) flores
da infância
como estas com um cheiro muito antigo
tão brancas, tão amargas e tão margaridas,
e um avião que não faz mal a ninguém.
Coragem
A noite deixou-me outra vez transtornada
lentamente a manhã se enche
de palavras que eu sei de certeza
que significavam alguma coisa, mas o quê?
que ontem significavam alguma coisa.
Andar é balançar sobre os pés,
vejo na rua os seres de sangue quente
que tiveram também a inexplicável coragem
de se levantarem
em vez de ficarem deitados.
Nunca ninguém tem a certeza de nada,
de ser amado, de ser abandonado
tudo é possível e tudo é permitido
tudo sucede em alternância.
Agora me lembro o que queria dizer:
enquanto isso não trouxer infelicidade
é uma sensação agradável. Mas no fundo
somos doces como Turkish Delight
numa lata cheia de pregos.
tradução
ana maria carvalho lemmens
http://www.culturgest.pt/docs/judith_herzberg.pdf
O QUE RESTA DO DIA de Judith Herzberg Tradução de Ana Maria Carvalho Lemmens Edições Cavalo de Ferro
Sinopse
Judith Herzberg é um dos maiores poetas holandeses e uma das vozes mais representativas da poesia contemporânea europeia, contando com inúmeros prémios e traduções em vários idiomas. Os poemas desta edição, seleccionados pela própria autora, abrangem exclusivamente os primeiros vinte anos da sua vasta e importante carreira poética.
|
Etiquetas:
Judith Herzberg,
Tempo de Poesia
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Ilusionismo Quadrilátero
ILUSIONISMO
.
* Victor Nogueira .
.
Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
.
Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
.
P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
.
1991.08.11 - SETUBAL
.
* Victor Nogueira .
.
Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
.
Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
.
P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
.
1991.08.11 - SETUBAL