Tempo em Setúbal

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

David Mourão-Ferreira - Noite Apressada


há 11 horas 

Daqui me despeço por hoje. Uma boa noite para todos.

Noite Apressada

Era uma noite apressada 
depois de um dia tão lento.
Era uma rosa encarnada
aberta nesse momento.
Era uma boca fechada
sob a mordaça de um lenço.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a casa perdida
no meio do vendaval;
imensa, a linha da vida
no seu desenho mortal;
imensa, na despedida,
a certeza do final.

Era uma haste inclinada
sob o capricho do vento.
Era a minh'alma, dobrada,
dentro do teu pensamento.
Era uma igreja assaltada,
mas que cheirava a incenso.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a luz proibida
no centro da catedral;
imensa, a voz diluída
além do bem e do mal;
imensa, por toda a vida,
uma descrença total!

David Mourão-Ferreira, in "À Guitarra e à Viola"

sábado, 24 de agosto de 2013

um poema de Urbano Tavares Rodrigues (A Primavera vem dançando)


A Primavera vem dançando
com os seus dedos de mistério e turquesa
Vem vestida de meio dia e vem valsando
entre os braços dum vento sem firmeza

Nu como a água o teu corpo quieto e ausente
Só este inquieto esvoaçar do teu sorriso
Loiro o rosto o olhar não sei se mente
se de tão negro e parado é um aviso
do destino que me fixa finalmente

Ai, a Primavera vai passando
com os seus dedos de mistério e de turquesa
Segue Primavera vai cantando
Que será do nosso amor nesta praia de incerteza

Urbano Tavares Rodrigues

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Amália Rodrigues - Só à Noitinha (Saudades de Ti)


Enviado em 15/10/2011
Só à Noitinha (Saudades de Ti)
Gravação datada de 1945
Música: Frederico Valério / Raúl Ferrão
Letra: Amadeu do Val
Inserido no albúm: "Fados Tradicionais"

Tive-lhe amor, gemi de dor, de dor violenta
Chorei, sofri, e até por si fui ciumenta
Mas todo mal tem um final, passa depressa
E hoje você, não sei por quê, já não me interessa!

Bendita a hora que o esqueci, por ser ingrato
E deitei fora as cinzas do seu retrato!
Desde esse dia sou feliz sinceramente,
Tenho alegria pra cantar e andar contente.
Só à noitinha, quando me chega a saudade
Choro sozinha pra chorar mais à vontade

Outra paixão no coração, sei que já sentes;
Uma qualquer que foi mulher de toda gente!
Assim o quis, seja feliz como merece,

Jean Ferrat - A l'ombre bleue du figuier

raphael551226

[Refrain] :
A l'ombre bleue du figuier
Passent passent les étés
A l'ombre bleu du figuier
Passent passent ils sont passés

J'étais comme les bergers
Un chien fou sur les talons
J'étais comme les bergers
Moitié blé moitié chardon
Voyant se lever le jour
J'y croyais à chaque fois
L'amour appelle l'amour
J'étais prince je suis roi

[Refrain]

Ivre comme les oiseaux
J'étais poussé par le vent
Ivre commes les oiseaux
Je me suis cogné souvent
J'allais cherchant dans la brume
Une lampe ou un drapeau
J'y ai laissé quelques plumes
Mais j'ai gardé mon chapeau

[Refrain]

A la bouche une chanson
Dans mon cœur un amour fou
A la bouche une chanson
J'ai rêvé que jusqu'au bout
On dira qui était-il
Me jetant des roses-thé
Moi je dormirai tranquille
Heureux d'avoir pu chanter

[Refrain]

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Chico Buarque - A Banda

 

Carregado em 15/02/2011
Música 'A Banda', de Chico Buarque de Hollanda, com ilustração de Luíza Marcon Martins.


Estava à toa na vida 
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
Pra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor...






Fausto,-atrás dos tempos...

oleiros70

Atrás dos tempos

Letra e música: Fausto
In: "Fausto - atrás dos tempos vêm tempos", 1996;


Eu pego na minha viola
e canto assim esta vida a correr
eu sei que é pouco e não consola
nem cozido à portuguesa há sequer
quem canta sempre se levanta
calados é que podemos cair
com vinho molha-se a garganta
se a lua nova está para subir



que atrás dos tempos vêm tempos
e outros tempos hão-de vir


Eu sei de histórias verdadeiras
umas belas outras tristes de assombrar
do marinheiro morto em terra
em luta por melhor vida no mar
da velha criada despedida
que enlouqueceu e se pôs a cantar
e do trapeiro da avenida
mal dormido se pôs a ouvir


que atrás dos tempos vêm tempos
e outros tempos hão-de vir


Sei vitórias e derrotas
nesta luta que vamos vencer
se quem trabalha não se esgota
tem seu salário sempre a descer
olha o polícia olha o talher
olha o preço da vida a subir
mas quem mal faz por mal espere
o tirano fez janela p´ra fugir


que atrás dos tempos vêm tempos
e outros tempos hão-de vir


Mas esse tempo que há-de vir
não se espera como a noite espera o dia
nasce da força de braços e pernas em harmonia
já basta tanta desgraça
que a gente tem no peito a cair
não é do povo nem da raça
mas do modo como vês o porvir

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Duo Ouro Negro - Amanhã

Francisco Costa




Amanhã, vou acender uma vela na Muxima
Amanhã, levo para os meus santos flores de acácias
Amanhã, peço para toda gente que me estima
Amanhã, peço para o novo dia que virá (amanhã)

Amanhã,
Peço ao meu lema que faça com que eu volte
A morar na terra amada que me viu nascer

Quero chegar de madrugada
Para ver o sol raiar

Quero chegar de madrugada..... hoo
Para ninguém ver, se eu chorar (2x)

Vou andar por aí, com o meu violão
Vou à Mutamba, tomo um machimbombo qualquer
Por "ma curia a naqui", sou igual a toda a gente
Na linha da Terra Nova, só paro lá no musseque
Com a minha gente, entre mufete e conversa
E de madrugada, com Catembe vou prá Puita

Zag, zag, zag, zag ........ Zanga-zuzi até cair ... até cansar....
Aiuehh.. Que é que vai fazer amanhã meu irmão?!

sábado, 10 de agosto de 2013

UHF - Dança comigo (até o sol nascer)

António Carrasco
O sol a pôr-seO céu nas águasOs olhos paradosNa tarde calma
 
Será por tiQue guardo o tempoNeste segredoLuz e silêncio
 
Dança comigoA primeira vezFicarei contigoAté o sol nascer
 
Quero-te tantoPor ti espereiPor este diaMil anos passei
 
Tu és o anjoQue me protegeDo grande amorQue a vida me deve
 
Dança comigoA primeira vezFicarei contigoAté o sol nascer
 
Quero-te tantoPor ti espereiPor este diaMil anos passei
 
Dança comigoA primeira vezFicarei contigoAté o sol nascer

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Carlos Gardel - Tango a la média luz

 Guillermo Calvo 
Guillermo Calvo·
Enviado em 18/10/2008
Carlos Gardel en el tango A Media Luz. Edita Guillermo Calvo Soriano de Lima - Perú

Corrientes tres cuatro ocho,
segundo piso ascensor,
No hay porteros ni vecinos,
adentro cocktail y amor.
Pisito que puso Mapple,
piano, estera y velador,
Un telefón que contesta,
una vitrola que llora,
Viejos tangos de mi flor,
y un gato de porcelana
pa´que No maúlle el amor.
Y todo a media luz...
que es un brujo el amor,
A media luz los besos,
a media luz los dos.
Y todo a media luz,
crepusculo interior,
Que suave terciopelo
la media luz de amor.
Juncal doce veinticuatro
telefoneá sin temor,
De tarde, té con masitas,
de noche tango y champán.
Los domingos, té danzante,
los lunes desolación.
Hay de todo en la casita:
almohadones y divanes
como en botica, cocó,
alfombras que no hacen ruido
y mesa puesta al amor...

Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
.

* Victor Nogueira .
.
Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
.
Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
.
P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
.
1991.08.11 - SETUBAL