Tempo em Setúbal

domingo, 5 de junho de 2011

Á espera de Godot - Samuel Beckett



 ESPERA DE GODOT de Samuel Beckett
À ESPERA DE GODOT de Samuel Beckett
Tradução 
José Maria Vieira Mendes
Com
 Miguel Borges, Luís Elgris, Cláudio da Silva, João Garcia Miguel e Guilherme Duarte
Cenografia e figurinos Rita Lopes AlvesIsabel Nogueira e Ana Paula Rocha com a colaboração de José Manuel Reis 
Luz Pedro DomingosEncenação João Fiadeiro assistido por Jorge Cruz e Marie Mignot
Uma produção Re.Al / Artistas Unidos

Estreia Espaço A Capital/ Teatro Paulo Claro 18 de Maio de 2000
O texto está publicado nas Edições Cotovia

"POZZO: Pensavam que eu era o Godot. 

ESTRAGON: Não senhor, nunca nos passou pela cabeça 
POZZO: Quem é que ele é? 
VLADIMIR: Bom, é um... é uma espécie de conhecido.
ESTRAGON: Não é nada, mal o conhecemos.
VLADIMIR: Claro... não o conhecemos lá muito bem... mas de qualquer das formas...
ESTRAGON: Eu se o visse nem sequer o reconhecia"
Samuel Beckett, 
À Espera de Godot

Viver o nada como se de tudo tratasse...
Após cinco anos de uma estreita colaboração nas produções dos Artistas Unidos, a possibilidade de encenar Beckett acontece de uma forma bastante natural. Não é a primeira vez que um "frente a frente" com a palavra se proporciona e por duas vezes esse encontro esteve eminente: a primeira com Bartleby de Herman Melville e a segunda com uma adaptação do Jorge Silva Melo ao poema de Virgílio A Eneida. Por diversas razões essas possibilidades não se consumaram mas à terceira é de vez e aqui estou eu para me confrontar, compreender e aprender com este "mestre do vazio" que é Samuel Beckett. À Espera de Godot é uma história sobre "dois gajos que estão à espera de outro que nunca mais chega". É assim que Gregory Mosher, um importante encenador Beckettiano, resume Godot. E continua, dizendo que "o que faz de Beckett tão poderoso é exactamente a sua habilidade para condensar a experiência de um século apocalíptico dentro de uma história simples. Ele comprime o universo num átomo, que depois explode na nossa imaginação". Em À Espera de Godot espera-se por nada e esse nada, é o que de facto existe. O resto, o tudo, são as palavras, as coisas e as pessoas para as quais (e de quais) elas falam. E essas são o que são. Estão lá e existem por si só. Servem para realçar o contrário. Servem para dar sentido ao medo que sentimos quando não sentimos o sentido das coisas. Servem para nos lembrar de que entre elas (e entre elas e as coisas) existe esse enorme e poderoso vazio, cheio de tudo e de nada, que desconhecemos e imaginamos, que antecipamos e receamos e que, inútil e insistentemente, procuramos compreender."
João Fiadeiro
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godot
À Espera de Godot, de Samuel Beckett
SINOPSE
....A peça de Beckett suscitou no meio crítico teatral um debate infindável que perdura até aos dias de hoje. Afinal, o que é o Godot? O que Beckett - um dos principais representantes do teatro do absurdo ao lado de Eugène Ionesco, Adamov e Jean Genet - queria dizer com aquele diálogo interminável entre dois mendigos que diante do tédio da vida pensam constantemente no suicídio mas não levam a cabo a intenção, pois a corda disponível é fraca.
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....O diálogo entre Vladimir e Estragon é patético e desesperado, acerca de tudo e de nada. Godot é um ser vago, esperado ao fim de cada dia, que serve de pretexto para resolver a mísera existência sem sentido. Pozzo e Lucky, as duas outras personagens, criam uma forma de jogo, na qual se defrontam com igual indiferença e consciência de inutilidade, no espectáculo do servilismo à sua condição. O mesmo, sob outra perspectiva, que faz de Estragon e Vladimir subservientes e cegos ao interminável preenchimento do tempo da vida, escravos do peso de carregar os dias como uma espera sem qualquer sentido. Pozzo, que tiraniza Lucky como proprietário de suas vontades, é, ele próprio, destituído de desejos passíveis de se concretizarem.
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....Para cada um de nós que anseia por algo todos os dias, Godot não é coisa nem ninguém. Não é o vazio que não chega. Godot pode ser, sim, a esperança clara do que está para vir. Ficamos À Espera de Godot. Nada a fazer.

FICHA TÉCNICA
Tradução: José Maria Vieira Mendes
Encenação: Pedro Wilson
A partir de notas de: Pedro Wilson
Cenografia: Pedro Wilson Ricardo Baptista
Figurinos: Pedro Wilson Ricardo Baptista
Luminotecnia: Pedro Wilson Ricardo Baptista
Sonoplastia: Ricardo Baptista
Relações Públicas: Henrique Gomes
Produção: Cénico de Direito
Direcção de Produção: Ana Paula Lopes
Elenco: Ana Paula Lopes, Filipa Violante, Henrique Gomes Ricardo Baptista
Duração: 120 minutos
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http://cenico.no.sapo.pt/godot.htm

Artista Rita Clemente no monólogo "Dias Felizes", de Samuel Beckett
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Sugestões Teatro

Os dias felizes

Peça de Beckett, para ver em Évora a partir de hoje

Francisca Cunha Rêgo
7:00 Quarta feira, 17 de Fev de 2010
Os dias felizes, de Samuel Beckett
Os dias felizes, de Samuel Beckett
Winnie afunda-se na terra. No primeiro acto está enterrada até à cintura e passa o tempo entre as duas campainhas da sua vida: a que toca para acordar e a que toca para adormecer. No intervalo desses dois sons, tenta envolver Willie, seu companheiro, na conversa, evocando memórias do passado em que a mobilidade era possível, em que a vida era possível. Conta histórias a si própria e remexe nos objectos que guardou num saco. O tempo passa e Winnie já está enterrada até ao pescoço, não consegue cumprir as suas rotinas, não se perde nas memórias. Encenação de Júlio Castronuovo, com interpretações de Isabel Bilou e Rui Nuno.

Teatro Garcia de Resende, Évora, estreia a 17 de Fevereiro, de quarta a sábado às 21 e 30, e domingos, às 16. Até 28 de Fevereiro



Ler mais: http://aeiou.visao.pt/os-dias-felizes=f547689#ixzz1U6tzmJzU



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Ilusionismo Quadrilátero

ILUSIONISMO
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* Victor Nogueira .
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Ele há um tempo p’ra tudo na vida
Cantando hora, minuto, segundo;
Por isso sempre existe uma saída
Enquanto nós estivermos neste mundo.
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Há um tempo para não fenecer
Há mar, sol, luar e aves com astros
Há uma hora p'ra amar ou morrer
E tempo para não se ficar de rastos.
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P'ra isso e' preciso sabedoria
Em busca dum bom momento, oportuno,
Com ar, bom vinho, pão e cantoria,
Sem se confundir a nuvem com Juno.
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1991.08.11 - SETUBAL